VINÍCIUS LEMOS
DA REDAÇÃO
Afastado do cargo de presidente da Câmara dos Vereadores de Cuiabá, acusado de comandar um esquema de desvio de dinheiro por meio de licitação fraudada, conforme mostra um vídeo que teria sido gravado pela empresária Ruth da Silva Dutra e seu filho, Pablo Norberto Dutra, relatando o suposto esquema de falsificação de escrituras de terrenos, o vereador João Emanuel (PSD), principal alvo da Operação Aprendiz, deflagrada na quinta-feira (28) pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), tornou-se o centro de todas as conversas políticas no Estado.
Eleito o vereador mais bem votado de Cuiabá, com 5.324 votos, João Emanuel (PSD) era tido como uma provável nova liderança de peso na política local. Tanto que, pessoas mais próximas e do seu grupo político já desenhavam uma longa trajetória de mandatos para ele, porém, tudo indica que as coisas não irão mais acontecer desta forma.
Para repercutir o caso, o RepórterMT ouviu dois especialistas em política de Mato Grosso, o professor da UFMT, João Edisom, e o jornalista Onofre Ribeiro, para analisar a situação e as consequências dessa operação para o vereador João Emanuel.
“O peso das denúncias apresentadas contra o vereador e presidente afastado da Câmara dos Vereadores de Cuiabá é muito forte e deverá mexer com a sua carreira política”, afirma o analista político João Edisom de Souza, que acredita não ser este o momento certo para que sejam feitos julgamentos acerca do vereador.
“Estamos vivendo um período de investigação. Ele ainda não foi julgado, apesar das coisas que foram expostas na mídia. Não podemos avaliar a documentação, que ainda está sendo levantada, apenas o vídeo que foi apresentado pelo Ministério Público e que teria sido supostamente gravado em uma reunião onde o vereador dá detalhes de como poderia ser feita a fraude em uma licitação gráfica”, relatou.
Para ele, há várias falhas por parte dos envolvidos nas imagens divulgadas. “Moralmente, houve grandes erros nessa gravação. A negociação pode ter sido um teste de caráter, porém, o maior problema é o fato de ele dizer que os 25 vereadores são artistas. Não é qualquer pessoa dizendo isso, é o então presidente da Câmara”.
João Edisom também falou sobre o futuro da carreira pública de Emanuel. “Se a decisão colegiada inocentá-lo, ele provavelmente voltará à política. Se ele for condenado, provavelmente vai ser a sua vertiginosa subida política ficar congelada, mas acredito que mesmo assim possa ocorrer uma reeleição. No Brasil, tudo é possível”, opinou.
O jornalista e analista político Onofre Ribeiro listou os fatores que acredita terem contribuído para que houvesse um possível desvio de verba da Câmara dos Vereadores.
“O João Emanuel tem uma carreira muito curta. Para que fosse eleito presidente da câmara, fez compromissos financeiros com os outros vereadores, dos quais 19 eram jovens, inexperientes e endividados. Ele também tinha as suas próprias dívidas e tentou negociações com o prefeito, que acabaram não dando certo, talvez isso tenha contribuído bastante para que as coisas chegassem a esse ponto”, argumenta.
O futuro do vereador, conforme o jornalista e analista político, poderá ser diferente de sua ascensão meteórica. “Se ele não for cassado, vai passar o resto do mandato tendo que se explicar. Ele tinha uma carreira política brilhante, mas infelizmente, ela não vai mais existir. Acredito que, daqui pra frente, o que lhe resta é concorrer a vereador nas próximas eleições”.
As dívidas, somadas à rixa com Mauro Mendes e o compromisso feito com os outros vereadores, acredita Onofre Ribeiro, fizeram com que João Emanuel tentasse solucionar os problemas a qualquer custo. “Nesta situação, ele acabou sendo obrigado a se envolver com meios escusos para tentar resolver os impasses”, disse o analista, que acredita que chegar à presidência da Câmara dos Vereadores é um negócio e culpou a falta de direção dada pelos partidos aos seus políticos eleitos.
Sobre a declaração do presidente afastado da Câmara, de que os 25 vereadores eram “artistas”, Onofre foi enfático. “Ali todo mundo briga por dinheiro, acredito que tenha sido nesse sentido que ele utilizou o termo artista”.
AFASTAMENTO
João Emanuel foi afastado do cargo pela área criminal na manhã desta quinta-feira (28). À tarde, por decisão da juíza Célia Vidotti, da Vara Especializada de Ação Civil Pública e Ação Popular da Capital, recebeu também o afastamento da área cível.
Em seu despacho, a magistrada afirma que "os diálogos gravados, aliados a prova documental carreada pelo Ministério Publico evidenciam indícios sérios que a conduta do requerido está a uma distância abissal dos deveres de lealdade e moralidade pública, podendo se perceber que é corriqueira a prática de ilicitudes para propiciar desvio de verbas públicas da Câmara Municipal de Cuiabá e o uso de cargo público para finalidades totalmente dissociadas daquelas constitucionalmente previstas".
VÍDEO
No vídeo, gravado por uma das vítimas do esquema de falsificação de documentos de terrenos, o vereador teria deixado clara a possibilidade de desviar dinheiro da Câmara Municipal para o pagamento dos terrenos, por meio de uma prestação de serviço fraudulenta por uma empresa da vítima. O parlamentar chegou a exemplificar que poderia fraudar o sistema de licitação com um serviço de uma suposta máquina que só a empresa da vítima teria.
Na sexta-feira, 23 vereadores prestaram depoimentos no MPE sobre a suposta fraude. Todos negaram qualquer participação e foram unânimes em pedir a saída do presidente afastado, João Emanuel.
Veja o que dizem os vereadores no vídeo abaixo.
ROBERTO ARRUDA 30/11/2013
A afirmação do Onofre é séria veja o que ele diz: \" O jornalista e analista político Onofre Ribeiro listou os fatores que acredita terem contribuído para que houvesse um possível desvio de verba da Câmara dos Vereadores. O João Emanuel tem uma carreira muito curta. Para que fosse eleito presidente da câmara, fez compromissos financeiros com os outros vereadores, dos quais 19 eram jovens, inexperientes e endividados. Então existe 19 artistas dentro do picadeiro, MP, ta facil convoca o Onofre para dizer quem são os 19 endividados e que supostamente fazem parte do circo.
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