FERNANDA LEITE
O advogado José Eduardo Polisel apresentado pelo Governo do Estado como sócio proprietário da empresa Globaltech Prospecção de Negócios Ltda, terá que se explicar nos próximos dias qual é sua participação na aquisição dos dez veículos Land Rover. Ele será convocado a se retratar na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL/MT) nos próximos dias. A transação culminou em R$ 14 milhões pagos pela extinta Agecopa.
Na época da compra dos equipamentos, Polisel acompanhou a comitiva do governador Silval Babosa (PMDB) e Eder Moraes, na viajem a Rússia, local de onde os veículos foram adquiridos.
O requerimento solicitando o advogado será feito pelo presidente da Comissão de Segurança da Casa, deputado estadual Walter Rabello (PSD) na terça-feira (22). “Ele é o único representante da empresa aqui e está proibido de falar sobre a compra dos veículos, queremos saber o por quê”, questionou o parlamentar.
Rabello aponta que a Global Tech abriu uma conta para receber o montante num posto bancário do Banco do Brasil dentro da Universidade de Cuiabá (Unic). “Porque um depósito em uma agência da Unic? Quero saber quem sacou este dinheiro, não é ilegal depositar em Cuiabá, mas estranho uma empresa abrir uma conta dentro da universidade”, questionou.
Segundo o deputado, no ano de 2010 a empresa Global Tech estava com saldo negativo de R$ 86 mil o que implicaria na realização do contrato com o estado, mas mesmo assim a negociação foi realizada. “Se a saúde financeira não está estável como o estado faz contrato com uma empresa de forma negativa”, indagou o presidente da Comissão que investiga o caso.
“Foi um atestado de incompetência pura, quero saber porque o estado ainda mantém este secretário Eder no posto, ele é intocável”, criticou o parlamentar.
AS INVESTIGAÇÕES
As investigações da compra dos veículos começaram no mês de agosto pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). O caso também é alvo de investigação no Ministério Público Estadual (MPE).
De acordo com os dados informados na Junta Comercial do Estado, a empresa Global Tech, pertence a Adhemar Luiz de Carvalho Lima e Carlos Alberto Pereira Marsiglia, que são dois oficiais do Exército.
Nos documentos da Junta Comercial é informado ainda o valor do capital da empresa, que é apenas R$ 4.736,72. O que de fato provavelmente comprovaria que a empresa foi criada somente para realizar as compras dos equipamentos.
O caso é mais grave ainda já que foi descoberto que a extinta Agecopa havia pago um cheque caução no valor de R$ 2 milhões para empresa sem antes receber os equipamentos. O TCE e o MP já solicitaram ao Executivo o bloqueio das contas da empresa para assegurar o ressarcimento do valor pago. Após as constantes divulgações de denúncias que coloca em "xeque" a idoneidade da empresa, o Estado cancelou o contrato da compra dos equipamentos.