DO REPÓRTER MT
A Polícia Civil de Mato Grosso apontou que o servidor do Tribunal de Justiça Mauro Ferreira Filho e a esposa, já falecida, participaram de um esquema de fraudes no sistema judicial que desviou valores milionários. O caso faz parte da mesma investigação em que um advogado confessou o crime.
Segundo o relatório final do inquérito, Mauro movimentou R$ 1.799.250,00 da empresa RV Empresa de Cobrança LTDA, pertencente a João Gustavo Ricci Volpato e usada como fachada. Sua esposa teria movimentado R$ 342.972,42 da mesma empresa.
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Planilhas apreendidas na residência do servidor indicam anotações sobre “potencial de até 2 mi”, o que, para a polícia, demonstra planejamento para obtenção de ganhos ilícitos. A investigação aponta que Mauro usou sua função no TJMT para facilitar a manipulação de dados e processos, beneficiando o grupo.
Mauro Ferreira foi alvo da Operação Sepulcro Caiado, deflagrada para desmantelar o grupo criminoso. Ele ficou oito dias foragido da Justiça, foi preso na última sexta-feira (08) e solto no último domingo (10), por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
A Polícia Civil indicia Mauro por peculato e lavagem de dinheiro. Também pede a prisão preventiva de suspeitos para tentar encerrar a atuação do grupo.
O esquema
Segundo o inquérito, empresários, advogados e servidores do TJMT ajuizavam ações de execução usando procurações, assinaturas e documentos falsos. Os advogados representavam ora a parte autora, ora supostas vítimas que não tinham conhecimento das ações.
Os investigados simulavam a quitação de dívidas com depósitos judiciais falsificados. Servidores inseriam dados fraudulentos na Conta Única do Judiciário, viabilizando a expedição de alvarás e transferindo valores para contas ligadas aos processos.
Além de Mauro Ferreira Filho, também foram indiciados Wagner Vasconcelos de Moraes, Melissa Franca Praeiro Vasconcelos de Moraes, João Gustavo Ricci Volpato, Luiza Rios Ricci Volpato, Augusto Frederico Ricci Volpato, Rodrigo Moreira Marinho, Themis Lessa da Silva, João Miguel da Costa Neto, Régis Poderoso de Souza, Guilherme Porto Corral, Julia Maria Assis Asckar Volpato, Keyyly Gonçalves Martinez e Flávia de Oliveira Santos Volpato, filha do desembargador Rubens de Oliveira.
O empresário João Gustavo Ricci Volpato é apontado como líder do grupo. Todos respondem por estelionato, falsificação de documento particular, falsidade ideológica, uso de documento falso, peculato, patrocínio infiel, lavagem de dinheiro e organização criminosa.