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Cuiabá, 21 de Novembro de 2025
21 de Novembro de 2025

21 de Novembro de 2025, 18h:29 - A | A

POLÍCIA / ANTIGA GESTÃO

Perícia da PF aponta "maquiagem" contábil e rombo de R$ 400 milhões na Unimed; ex-gestor nega

A decisão ocorreu apesar de Rubens de Oliveira e seu grupo tentarem impedir judicialmente a quebra do sigilo do documento técnico

DO REPÓRTERMT



A Polícia Federal concluiu o laudo pericial contábil-financeiro elaborado no âmbito da ação penal que investiga o ex-presidente da Unimed Cuiabá, Rubens de Oliveira, e seus ex-gestores por fraude no balanço contábil do exercício de 2022 da cooperativa. A perícia da Polícia Federal confirma um prejuízo contábil de R$ 400 milhões. O ex-gestor nega as acusações, leia a nota na íntegra ao final da matéria.

Embora o laudo pericial realizado pela Polícia Federal tenha sido concluído em 29 de outubro de 2025, o sigilo foi levantado somente na última quarta-feira (19). A decisão ocorreu apesar de Rubens de Oliveira e seu grupo tentarem impedir judicialmente a quebra do sigilo do documento técnico, expondo todos os detalhes e nuances de como atuava a ex-gestão.

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Além de Rubens, o grupo de réus é composto por Suzana Aparecida Rodrigues dos Santos Palma (ex-diretora financeira); Jaqueline Proença Larrea (ex-assessora jurídica); Eroaldo de Oliveira (ex-CEO); Ana Paula Parizotto (ex-superintendente administrativa-financeira); e Tatiana Gracielle Bassan Leite (ex-assessora do ex-CEO).

A perícia encerra uma longa disputa de narrativas sobre a real situação financeira da cooperativa, já que Rubens e seu grupo tentavam, desde a descoberta do rombo, fazer cooperados e sociedade acreditarem que os R$ 400 milhões negativos nunca existiram.

O laudo oficial também confirma que o balanço de 2022 reapresentado pela atual gestão após auditoria externa independente – e que aponta um prejuízo de aproximadamente R$ 400 milhões - está correto e reflete a realidade da cooperativa. O documento é taxativo ao afirmar que o balanço apresentado anteriormente pelos ex-gestores, que indicava um superávit de R$ 371 mil, foi objeto de "distorções relevantes, fraudes e incorreções".

Motivação Eleitoral

Segundo a análise da Polícia Federal, as fraudes não foram erros acidentais. O perito criminal concluiu que existia uma "intensa disputa política" na cooperativa e que a maquiagem dos números serviu a um propósito específico: garantir a permanência do grupo do ex-presidente Rubens Carlos de Oliveira Junior no poder.

"A apresentação de balanço com resultado positivo era imprescindível para a reeleição do grupo de Rubens Carlos de Oliveira Junior para mais um mandato", destaca a conclusão da perícia.

As Manobras Fraudulentas

O laudo da PF contém 149 páginas e detalha como a antiga gestão criou uma "realidade paralela" para esconder o rombo milionário. Entre as irregularidades confirmadas estão:

- ⁠Receitas Fictícias: Lançamento de valores a receber que não existiam, como um contrato de R$ 50 milhões com a empresa DASA, contabilizado integralmente de forma irregular para inflar o patrimônio, e notas fiscais sem fundamento econômico criadas apenas "para gerar receita".

-⁠ ⁠"Pedalada" de Custos: A perícia identificou ordens expressas para alterar a data de pagamentos no sistema, empurrando despesas de 2022 para 2023, escondendo mais de R$ 120 milhões em custos.

-⁠ ⁠Glosas Indevidas: Cancelamento de pagamentos a médicos e prestadores de forma aleatória para melhorar artificialmente o resultado financeiro.

Com o levantamento do sigilo, o laudo passa a ser peça fundamental no processo que julga os ex-diretores por crimes de falsidade ideológica e gestão fraudulenta.

Outro lado

À reportagem, Rubens enviou a seguinte nota:

NOTA DE RUBENS CARLOS DE OLIVEIRA JÚNIOR: Bouret e sua turma entraram em modo desespero

O laudo da Polícia Federal expôs com clareza aquilo que a atual gestão tenta esconder há dois anos: as contas usadas no balanço reapresentado nunca foram apresentadas à PF. A perícia não analisou o material porque a diretoria não entregou — mesmo após ter repetido à imprensa, aos cooperados e ao mercado que “a PF e o MP tinham conferido e validado tudo”. O perito escreve que NUNCA olhou as contas.

O laudo desmonta essa que é uma das principais farsas usadas para não se mostrar as contas aos cooperados.

Também revela que a gestão Bouret incluiu contas antigas e controversas, com risco real de favorecimento de prestadores, e que não há validação técnica do valor de R$ 400 milhões que eles usaram para destruir reputações e gerar instabilidade na Cooperativa.

Mais do que isso: o laudo desmonta a tese do "rombo" ao responder, com clareza, de que não há comprovações de que toda a análise é sobre reconhecimentos contábeis e não há comprovação de nenhum ilícito financeiro (como desvio ou apropriação indébita).

Ainda assim, a diretoria insiste em usar a sua máquina de comunicação para fabricar manchetes e manipular cooperados às vésperas da Assembleia, numa tentativa desesperada de se manter no poder e evitar a abertura das contas que se recusam a mostrar.

A verdade é simples: quem está com a razão não esconde documentos. E, ainda que a sociedade ainda tenha muitas dúvidas sobre o caso, entre os cooperados já resta a certeza de que a gestão Bouret esconde contas incluídas no balanço.

Rubens Carlos de Oliveira Júnior
Ex-Presidente — Unimed Cuiabá

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