DO REPÓRTERMT
Em um novo capítulo da investigação que apura um esquema de desvio de recursos da conta única do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), a Polícia Civil revelou que o empresário João Gustavo Ricci Volpato, principal suspeito e suposto beneficiário do esquema, apagou mensagens no WhatsApp no dia da deflagração da Operação Sepulcro Caiado, ocorrida em 30 de julho.
O dado consta no relatório de indiciamento, assinado pelo delegado Pablo Carneiro, da Delegacia de Estelionatos de Cuiabá. Conforme o documento, o aparelho celular de João Gustavo, apreendido durante a ação, passou por perícia na Diretoria de Inteligência, onde foram extraídas 743 mensagens, incluindo registros do WhatsApp.
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Entre essas mensagens, 12 conversas aparecem com status “excluídas” e 152 com o status “desconhecido”, o que, para o delegado, indica uma possível tentativa deliberada de ocultar provas. Destaca-se ainda que 28 conversas trocadas entre João Gustavo e sua esposa, Flávia Volpato, estavam inacessíveis, provavelmente apagadas de forma intencional. A última comunicação registrada foi no dia 29 de julho, um dia antes da operação.
O delegado Carneiro ressaltou que, no próprio dia 30, poucas horas antes da ação policial, o celular registrou intensa movimentação, com acesso ao WhatsApp às 5h22 e uso da câmera às 5h34, sugerindo que evidências ou documentos poderiam estar sendo capturados naquele momento.
Além das mensagens, foram encontrados no dispositivo documentos importantes para o andamento das investigações, como boletim de ocorrência, contratos de confissão de dívida no valor de R$ 1,35 milhão, requerimento de protesto de R$ 2,28 milhões, diversos cheques e papéis relacionados à correção monetária.
“A análise aponta um padrão claro de tentativa de eliminar evidências digitais, sobretudo nas conversas com a esposa do investigado”, escreveu o delegado. “A presença de documentos financeiros substanciais no aparelho, aliada à atividade recente dos aplicativos, indica que o celular pode ter sido usado para registrar ou trocar informações relevantes ao caso em andamento”, completou.
Além de João Gustavo, foram indiciados pelos crimes de integrar organização criminosa e estelionato seu irmão Augusto Frederico Ricci Volpato, sua mãe Luiza Rios Volpato, o servidor do TJ Mauro Ferreira Filho, e ainda os advogados Wagner Vasconcelos de Moraes, Themis Lessa da Silva, João Miguel da Costa Neto, Rodrigo Moreira Marinho e Régis Poderoso de Souza. Também respondem ao inquérito a advogada Denise Alonso e Melissa França Praeiro Vasconcelos de Moraes.
Operação
A Operação Sepulcro Caiado, que apura um prejuízo estimado em mais de R$ 21 milhões aos cofres do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, teve o caso assumido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) logo após sua deflagração.
Agora, cabe ao STJ decidir se aceita ou não o indiciamento dos investigados. Caso aceito, eles responderão formalmente pelos crimes na Justiça. No último fim de semana, o ministro Gilmar Mendes concedeu habeas corpus a todos os envolvidos, retirando-os da prisão, mas mantendo medidas cautelares.