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Cuiabá, 27 de Novembro de 2025
27 de Novembro de 2025

27 de Novembro de 2025, 10h:22 - A | A

POLÍCIA / REI DO ALGODÃO

Credores denunciam desvio de bens, dívidas bilionárias e pedem falência do Grupo Pupin

Comitê de Credores da Recuperação Judicial de José Pupin denunciou a prática de desvio de dinheiro e bens, que deveriam ser usados para quitar dívidas

VANESSA MORENO
DO REPÓRTERMT



O Comitê de Credores da Recuperação Judicial do Grupo Pupin protocolou na 1ª Vara Cível de Campo Verde (a 131 km de Cuiabá) uma manifestação em que alerta para a inviabilidade da ação de recuperação em razão de “fatos de extrema gravidade”, comprovados por documentos contábeis, bancários e societários que evidenciam a prática de desvio de dinheiro e bens de forma sistemática.

De acordo com a denúncia do Grupo de Credores, representado pela Vallus Agrícola Ltda., a recuperação judicial está sendo usada para benefício pessoal dos donos, e não para o pagamento das dívidas.

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“Não se está diante de um esforço genuíno de soerguimento empresarial. Ao contrário: o que se verifica é a tentativa de frear a atuação fiscalizatória dos credores e perpetuar um processo que já se arrasta há uma década, assegurando, à margem da recuperação judicial, uma fonte paralela e irregular de sustentação financeira”, diz trecho da manifestação protocolada no dia 17 de novembro.

“O Comitê enfrenta o ponto mais grave deste processo: o desvio de patrimônio. Os dados coletados revelam um esquema estável, contínuo e deliberado de escoamento de recursos para fora da recuperação judicial”, acrescentou.

O Grupo Pupin, representado pelo produtor rural José Pupin, conhecido como “Rei do Algodão”, está em recuperação judicial desde 2017, com uma dívida que pode chegar a R$ 1,85 bilhão até o final do ano, além de um passivo extraconcursal, dívidas contraídas após o pedido de recuperação, que pode evoluir para R$ 3,14 bilhões até 2028.

Ainda conforme a denúncia do Comitê de Credores, apesar das dívidas, foram encontradas provas de que o dinheiro proveniente de arrendamentos, empréstimos, venda de estoques, produtos e ativos do Grupo Pupin, que deveria estar sendo usado para quitar os débitos, está sendo desviado para contas de familiares dos recuperandos e para empresas que não fazem parte do processo de recuperação judicial.

Segundo o documento, valores que chegam a quase R$ 1 bilhão foram direcionados a uma conta paralela da empresa José Pupin & Cia.

“Enquanto a recuperação judicial se arrasta sem operação, sem caixa e sem patrimônio preservado, deixando de pagar trabalhadores e tributos, a conta paralela da José Pupin & Cia continua a receber, movimentar e direcionar valores sem qualquer prestação de contas”, destaca o Comitê.

“A documentação contábil requisitada pelo Comitê expõe a dimensão real do problema: entre 2017 e 2025, a conta bancária da empresa José Pupin & Cia movimentou cerca de R$ 862 milhões, com entradas e saídas equivalentes e saldos zerados ao final de cada dia. Em termos simples: quase R$ 1 bilhão circulou completamente à margem da recuperação judicial”, completou.

A partir dessa conta paralela, os recursos teriam sido transferidos para outras empresas e contas pessoais de familiares dos recuperandos.

Para o Comitê de Credores, devido às práticas do Grupo Pupin, a empresa não tem como se recuperar e, mesmo com a venda de todos os bens, não seria possível pagar todas as dívidas, tanto as que fazem parte do processo de recuperação quanto as que não fazem.

O Comitê apontou ainda que a demora em decretar a falência está aumentando o prejuízo dos credores, pois as dívidas continuam crescendo enquanto os bens da empresa estão sendo desviados.

“Diante da completa ausência de atividade, do esvaziamento patrimonial sucessivo e do desvio reiterado de receitas, o Comitê avançou para o segundo eixo da análise: mensurar o impacto direto da demora na decretação da falência sobre o patrimônio disponível e sobre a capacidade de pagamento dos credores. Ainda de acordo com o Comitê, as ações dos donos podem ser consideradas crimes, como fraude contábil e desvio de bens”, pontuou.

Por causa dessas descobertas, o Comitê convocou uma reunião extraordinária para decidir se pedirá a falência do Grupo Pupin e quais medidas tomar para recuperar o dinheiro desviado e responsabilizar os envolvidos.

A reunião será realizada no dia 1º de dezembro.

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