GUSTAVO CASTRO
KARINE ARRUDA
DO REPÓRTERMT
Comerciantes eram coagidos a entrar em “projeto” milionário de raspadinhas de uma facção criminosa e ficava com 10% dos lucros, segundo a Polícia Civil. O esquema, batizado de “Raspa Brasil”, foi desmantelado nesta terça-feira (14) durante a Operação Raspadinha do Crime, deflagrada em várias cidades de Mato Grosso. A investigação apontou que a facção movimentou cerca de R$ 3 milhões em seis meses com a venda ilegal dos bilhetes, distribuídos em comércios locais sob ameaça dos faccionados.
De acordo com o delegado Antenor Pimentel, da Delegacia de Repressão a Crimes Organizados (Draco), a divisão dos lucros era clara: 10% para o comerciante, 10% para o distribuidor e 80% para a facção. Ele explicou que muitos empresários não tinham alternativa senão aceitar o “convite”.
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“Imagine um comerciante em um bairro onde há cinco faccionados. Eles chegam e dizem: ‘queremos que o senhor participe do nosso projeto’. Como esse comerciante vai dizer não? Era uma coação indireta, mas extremamente eficaz”, disse o delegado.
A “Raspa Brasil” funcionava como uma empresa clandestina, com estrutura hierárquica e núcleos operacionais em mais de 20 cidades do estado. O grupo tinha uma central em Cuiabá, responsável pelas decisões estratégicas e pela movimentação financeira, que era feita por meio de contas de fachada. O objetivo era lavar dinheiro e manter o anonimato da facção.
Segundo o delegado, a operação representa um duro golpe no braço financeiro do Comando Vermelho, que usava o jogo ilegal como fonte de renda e controle social em diversos municípios. A investigação segue para identificar ramificações em outros estados e recuperar o dinheiro movimentado pelo esquema.
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