VANESSA MORENO
DO REPORTÉR MT
A juíza Alethea Assunção Santos, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, mandou para a 11ª Vara Criminal Especializada da Justiça Militar uma ação penal contra os policiais militares do Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) Jorge Rodrigo Martins, Wailson Alessando Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira e Leandro Cardoso. Eles são acusados de forjarem um confronto para dar fim na arma utilizada para assassinar o advogado Renato Nery em julho do ano passado.
A denúncia contra os quatro foi protocolada pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), na última quarta-feira (11). No entanto, um erro do sistema fez com que a ação fosse distribuída para a 7ª Vara Criminal da capital.
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Sendo assim, o MP pediu para que o juízo da 7ª Vara declinasse da competência de julgamento do processo, para que ele pudesse ser redistribuído para a vara competente.
A solicitação foi aceita nessa quinta-feira (12) e a ação foi redistribuída.
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Denúncia
Jorge Rodrigo, Wailson Alessandro, Wekcerlley e Leandro foram denunciados pelo MP por integrarem uma organização criminosa que, no dia 12 de julho, forjou um confronto policial no Contorno Leste, em Cuiabá.
Na ocasião ,eles teriam matado um jovem de 26 anos e dois adolescentes de 16.
Conforme a denúncia, no local do falso confronto só havia capsulas de projéteis da arma usada pelos PMs e há fortes indícios de que as vítimas não portavam armas de fogo, apenas arma branca. Além disso, não havia marcas de tiros nos veículos utilizados pelos policiais.
Após o confronto, a suposta arma encontrada no local foi entregue em mãos por Jorge Rodrigo e não colhidas na cena dos fatos.
No boletim de ocorrência, os quatro omitiram fatos e inseriram informações falsas, segundo apontado pelo Ministério Público. Conforme investigações, o confronto tinha o objetivo de ocultar a arma usava para matar Renato Nery.
E ainda, a arma usada no falso confronto, que é uma pistola Glock, modelo G17, calibre 9mm, foi a mesma que matou o advogado e uma outra pessoa em 2022.
Já segundo a perícia, a pistola possui seletor de tiro com opção para modos automático e semiautomático, mas operava exclusivamente em modo de tiro automático, evidenciando, segundo o MP, que a arma estava adaptada para disparos em rajada.
Os PMs chegaram a ser presos, mas foram soltos após a determinação da Justiça.
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Diante das alegações do Ministério Público, os quatro PMs foram denunciados por organização criminosa, abuso de autoridade, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e falsidade ideológica.
Agora, o MP pede na Justiça que eles sejam presos preventivamente ou que sejam submetidos a medidas cautelares como recolhimento noturno, monitoramento por tornozeleira eletrônica e suspensão do exercício da função na Polícia Militar, além da obrigação de comparecimento periódico em juízo, proibição de sair da cidade, manter contato com pessoas envolvidas no processo e de acessar locais relacionados ao fato.
O pedido foi assinado pelo promotor de Justiça Henrique de Carvalho Pugliesi.
O crime
Renato Nery foi assassinado no dia 5 de julho do ano passado, por volta das 9 horas, em frente ao escritório de advocacia dele, localizado na Avenida Fernando Correa da Costa, em Cuiabá. Ele foi atingido na cabeça, chegou a ser socorrido e passou por uma cirurgia no Hospital Jardim Cuiabá, mas não resistiu aos ferimentos.
O executor do crime foi o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva, contratado pelo policial militar Heron Teixeira Pena Vieira. Estes dois confessaram o crime e estão presos.
Um casal de empreários apontados como mandantes do assassinato também está preso. São Eles: César Jorge Sechi e Julinere Goulart Bentos.
O PM Ícaro Nathan Santos Ferreira também foi apontado como um dos envolvidos no assassinato e continua preso.
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