APARECIDO CARMO
DO REPÓRTERMT
O economista Vivaldo Lopes avalia que o agronegócio é o maior prejudicado pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos, que passará a valer a partir do próximo dia 6, já que as exceções foram essencialmente a produtos industrializados. Segundo ele, a medida perdeu força ao poupar setores como mineração, petróleo e aviação, mas manteve taxadas em 50% as exportações brasileiras de carne, frutas e café, justamente aquelas em que o Brasil é mais competitivo.
“Vai haver excesso de carne no mercado. Essa carne que seria exportada para os Estados Unidos vai ficar no Brasil, vai ficar em Mato Grosso. Portanto, vai ter uma maior oferta do produto, havendo isso é até possível que caia o preço”, analisa Vivaldo.
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Conforme o economista, os principais produtos exportados de Mato Grosso para os EUA são carne, gelatina, gordura animal (sebo) e madeira perfilada. Todos eles continuarão taxados.
Mesmo não representando uma fatia considerável do que é produzido aqui, já que a estimativa é que apenas 1,5% do que é exportado vá para o país de Donald Trump, a taxação pode causar problemas para esses setores.
A Marfrig, por exemplo, paralisou a produção na sua planta frigorífica em Várzea Grande. Por outro lado, o preço que o mato-grossense paga na carne vermelha pode reduzir, pois haverá maior oferta do produto.
Trump assina decreto do 'tarifaço' de 50% contra o Brasil com longa lista de exceções
Para o economista, a desidratação do tarifaço é uma porta aberta para que autoridades brasileiras consigam avançar nas negociações com o governo de Donald Trump. E podem ser atribuídas a três movimentos.
“Primeiro, foi o governo brasileiro não ter feito atrevimentos. Manteve a sobriedade, manteve a calma e montou um comitê de alto nível de negocições. O segundo fator que eu considero positivo foi o envolvimento dos empresários brasileiros que atuaram discretamente e intensamente conversando com as suas contrapartes americanas, empresários e empresas, que por sua vez pressionaram os senadores e o governo americano”, explicou.
“O terceiro fator relevante é que devem ter mostrado estudos para o presidente americano de que o estrago na economia americana seria maior do que na economia brasileira, levaria algumas empresas americanas de menor porte à fechar. E também os consumidores americanos que começaram a perceber, mesmo antes das tarifas entrarem em vigor, o aumento de preços”, concluiu.