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Cuiabá, 02 de Agosto de 2025
02 de Agosto de 2025

01 de Agosto de 2025, 14h:13 - A | A

OPINIÃO / LUCIANO VACARI

Terras férteis

LUCIANO VACARI



O Presidente americano Donald Trump está dando uma verdadeira chacoalhada no
tabuleiro geopolítico mundial, não é mesmo? Oras, em pouco mais de 6 meses
seus feitos são dignos de uma série da netflix, com direito a vários
episódios, e quem sabe até temporadas. De largada ameaçou de invasão o
vizinho Canadá, fez coro de tomar na mão grande o canal do Panamá, teve uma
ideia genial de montar resorts de luxo na faixa de Gaza, chantageou o mundo
todo com tarifas nas importações, entre outras pérolas.

Mas entre poucos avanços, e muitos recuos, nas últimas semanas Trump
resolveu mirar seus canhões para o Brasil, dá para acreditar? Justo o
Brasil, que sempre foi tão ordeiro, gente boa, aquele que nunca arrumou
confusão com ninguém. Pois é, entramos na mira dos americanos, ou melhor, do
presidente norte americano. E caso ele não recue, a partir de 1º de agosto,
produtos brasileiros terão que pagar um pedágio de 50% de taxa, ou seja,
inviabilizou totalmente o comércio que já existe a 200 anos.

Mas qual o motivo de toda essa ira?

Alguns dizem que o problema é político, ou seja, que a justiça brasileira
vem perseguindo politicamente alguns de seus aliados. Outros dizem que o
problema é comercial, que os produtos brasileiros como café, laranja, carne
bovina, aço e aviões por exemplo, competem injustamente com os produzidos
pelos Estados Unidos. Outra turma já acha que o problema é o tratamento que
o Brasil vem dando as bigtechs, as gigantes da tecnologia, como a meta,
amazon e apple. Ainda há quem diga que o problema é o Brics, que este
alinhamento entre seus membros estaria incomodando o Tio San. Ainda temos o
pix, e por último as terras raras.

Afinal, por que os gringos estão tão incomodados? Motivos, segundo eles, são
vários.

Mas a grande pergunta é, os motivos são legítimos?

Legítimos ou não, o fato é que de uma maneira ou de outra isso vai mexer
profundamente com a economia brasileira. Milhares de empregos serão
perdidos, e bilhões de reais passarão de receita para prejuízo. É a hora de
negociar.

E fica uma grande lição, que o Brasil não pode mais ser o simpático da mesa.
O Brasil precisa estar preparado técnica e politicamente para estes embates,
afinal, defender o interesse e a soberania de seu povo é crucial.

E sim, incomodamos muito. Além de terras raras, temos aqui terras férteis,
que fizeram do Brasil o maior produtor de alimentos, fibras e energia do
planeta, e isso incomoda muito. Somos grandes produtores de petróleo, e o
que dizer do nosso etanol?

Talvez, esse seja o motivo de tanta raiva dos americanos, nosso potencial
produtivo. Compramos muito da China, e vendemos muito para a China.
Compramos e vendemos muito para a Índia, para a União Europeia, e mesmo
assim mantemos ótimas relações diplomáticas com todos.

Chegou a hora de endurecer o discurso e a estratégia, por que vamos
continuar produzindo e incomodando cada vez mais. Já tivemos guerra santa,
guerra do petróleo, guerra por tomada de território. Alguém aí acha que não
vai acontecer uma guerra por conta de comida?

*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da NeoAgro Consultoria.

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