MIKHAIL FAVALESSA
DA REDAÇÃO
O juiz Murilo Moura Mesquita, da 11ª Vara Militar de Cuiabá, encaminhou os depoimentos do cabo Gerson Luiz Ferreira Correa Júnior ao ministro Mauro Campbell Marques, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O cabo confessou sua participação em um esquema de escutas ilegais instalado no Estado e responsabilizou o governador Pedro Taques (PSDB) e o ex-secretário-chefe da Casa Civil Paulo Taques pelo comando dos grampos.
O envio dos documentos foi feito a pedido do procurador Allan Sidney Souza, do Ministério Público Estadual (MPE). Foram enviados o depoimento prestado pelo cabo Gerson no dia 28 de julho e também um depoimento anterior, prestado por ele aos delegados Flávio Stringueta e Ana Cristina Feldner, da Polícia Judiciária Civil.
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O magistrado determinou o envio da confissão de Gerson “em busca da verdade real”. No STJ, o ministro Mauro Campbell apura a participação do governador e de membros da cúpula seu Governo desde outubro do ano passado. Antes disso, o caso era julgado no Tribunal de Justiça de Mato Grosso sob relatoria do desembargador Orlando Perri. O processo foi enviado ao STJ a pedido do próprio Taques.
RepórterMT

Declarações do cabo foram feitas ao juiz Murilo Mesquita.
Na mesma decisão, o juiz Murilo Mesquita acatou uma justificativa apresentada pela defesa do coronel Zaqueu Barbosa para ter deixado sua casa nos dias 28 e 29 de julho – ele está em prisão domiciliar. O coronel, apontado como um dos mandantes das escutas, precisou passar por uma cirurgia para retirada uma hérnia.
A defesa do coronel Jorge de Barros também pedia para que fossem revogadas as medidas cautelares impostas a ele desde que saiu da prisão. O juiz entendeu que apesar de terem sido encerrados os depoimentos o processo ainda pode ter novas diligências e negou o pedido.
RepórterMT

O cabo afirmou que foi convocado pelo coronel Zaqueu Barbosa, ex-comandante da PM, parar participar de um projeto que investigaria policiais.
Detalhes do esquema
Em seu depoimento, o cabo Gerson afirmou que foi convocado pelo coronel Zaqueu Barbosa, ex-comandante da Polícia Militar, parar participar de um projeto que investigaria policiais militares com o intuito de “limpar” a instituição, em 2014. Logo depois, o coronel teria pedido ao cabo que o sistema fosse instalado em um local fora do prédio da PM, e Gerson então alugou uma sala comercial por R$ 1,2 mil.
Em agosto daquele ano, o cabo afirmou que foi a Chapada dos Guimarães acompanhado do coronel Evandro Lesco para encontrar uma terceira pessoa. No local, Gerson e Lesco teriam se reunido com o ex-secretário Paulo Taques, que à época trabalhava na campanha eleitoral do governador. O objetivo seria descobrir possíveis escutas realizadas contra Pedro Taques a mando do ex-presidente da Assembleia Legislativa José Riva, que tinha sua esposa, Janete Riva, concorrendo ao Governo do Estado.
De acordo com o depoimento do cabo, Paulo Taques teria ficado responsável por custear todas as despesas das escutas telefônicas e entregou R$ 50 mil em um segundo encontro, realizado no bairro Consil, em Cuiabá.
O coronel Zaqueu teria fornecido os números a serem interceptados e em setembro de 2014 os grampos teriam tido início. O coronel teria informado a Gerson que o número do jornalista José Marcondes “Muvuca” teria de ser interceptado por ele ser uma ameaça ao então candidato Pedro Taques. O ex-vereador Chico 2000 e o advogado José do Patrocínio teriam sido interceptados com o objetivo de descobrir crimes eleitorais possivelmente cometidos por eles.
Os telefones da deputada Janaína Riva (MDB) e da jornalista Larissa Malheiros também teriam sido incluídos nos grampos a pedido de Paulo Taques.
O cabo afirmou que nunca escutou os áudios colhidos e que repassava os arquivos ao coronel Zaqueu Barbosa. Na segunda remessa de números também teria sido incluído o telefone da publicitária Tatiane Sangalli, ex-amante de Paulo Taques.
O esquema, conhecido como “barriga de aluguel”, teria continuado até 2015, quando o coronel Zaqueu teria dado a ordem para sua interrupção. A razão seria a descoberta das escutas por parte do promotor Mauro Zaque, que era secretário de Segurança Pública à época.
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Carlos Nunes 06/08/2018
Agora tem que ouvir o servidor que modificou o protocolo da denúncia dos Grampos...quem sabe ele abre o bico e conta Quem Mandou fazer isso? Antes que a corda arrebente do lado mais fraco, que é ele mesmo. Cabo, Servidor...só cumprem ordens. DE QUEM?
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