MARCO AURÉLIO
A decisão do presidente Donald Trump de elevar as tarifas sobre produtos brasileiros foi um duro golpe para o agronegócio. Embora o recuo parcial do presidente norte-americano tenha excluído da cobrança aproximadamente 700 produtos, entre eles suco de laranja, energia, fertilizantes, celulose e alguns minérios, boa parte dos produtos agrícolas segue impactado pela taxação de 50%.
Itens como café, carne bovina, frutas frescas, etanol e sebo animal continuam sujeitos à tarifa, iniciada em 6 de agosto de 2025. Este panorama, embora aparentemente reduza a pressão para outros setores mantém o agronegóicio brasileiro no centro da crise e isso exige atenção contínua.
É justamente aí que a urgência permanece: a sazonalidade, o endividamento crescente dos produtores, os altos custos de produção e a escassez de crédito já colocam o agronegócio em situação delicada. Agora, com exportações como café e carne sujeitas a tarifas proibitivas, o risco de impacto na renda do produtor e reflexos inflacionários no mercado interno é real.
Como já alertei em um artigo anterior, é preciso que o governo brasileiro não permita que o agronegócio, tão importante para a geração de riqueza do país, seja colocado no meio de uma guerra puramente iedológica. O produtor rural, que tem sofirdo ano após ano e não tem encontrado na administração pública o apoio necessário, não pode pagar esta conta.
É preciso que haja, por parte dos nossos governantes, ações em diversasa frentes e que esta atuação seja imediata. Enquanto busca apoio em organismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), o governo brasileiro precisa reforçar as políticas de apoio ao produtor, incluindo crédito emergencial, seguro climático e mecanismos de refinanciamento e diversificar mercados de destino como forma de mitigar os efeitos já sentidos pelos produtores.
Mesmo com as exclusões pontuais, a tarifa de 50% sobre itens chave do agronegócio representa ameaça estrutural. Ela afeta não apenas exportadores, mas toda a cadeia de produção — desde o campo até a mesa do consumidor brasileiro, pressionando inflação e desemprego nos setores ligados à agropecuária.
Por isso, reafirmo: o alerta não era exagero — e não perdeu a validade. A agricultura brasileira ainda está entre os alvos. Defender o agronegócio é defender o desenvolvimento nacional, a justiça fiscal e o direito à soberania comercial.
O produtor rural não pode carregar esse peso sozinho. E mesmo com o suco de laranja fora da mira, o campo exige união, estratégia e valorização concreta — porque o risco nunca esteve tão presente.
*Marco Aurélio Mestre Medeiros é advogado especialista em recuperação judicial de empresas do agronegócio. Sócio-fundador do Mestre Medeiros Advogados Associados, com atuação nacional. Secretário Geral da Comissão Especial de Falências e Recuperação Judicial do Conselho Federal da OAB