DO REPÓRTERMT
O desembargador João Ferreira Filho, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), gastou mais com cartão de crédito do que recebia de salário no ano de 2023. Segundo o Estadão, os gastos mensais com cartão de crédito saltaram de R$ 41 mil para R$ 113 mil.
Para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), é improvável que o desembargador, repentinamente, tenha decidido gastar o dinheiro que economizou ao longo da carreira em bens de luxo. O mais provável, conforme o CNJ, é que ele tenha "contado com outros rendimentos".
Mais do que descontrole financeiro, o CNJ vê vestígios de que essa tenha sido a época em que ele passou a se engajar no esquema de venda de sentenças que motivou o seu afastamento do cargo, em agosto do ano passado.
Conforme dados revelados pelo Estadão, nos quatro anos anteriores, os gastos com cartão de crédito do magistrado tinham uma média de R$ 41 mil mensais, que é perto do valor que ele recebe mensalmente.
Contudo, a partir de 2023, as faturas aumentaram quase quatro vezes e chegaram ao patamar dos R$ 113 mil. Além disso, análise dos recebimentos nas contas do magistrado chamaram a atenção.
Em conta do Bradesco, naquele mesmo ano de 2023, foram movimentados R$ 7,3 milhões. Em uma segunda conta no mesmo banco, foram depositados por sua esposa, Maria de Lourdes Fereira, um total de R$ 991.700,00, dinheiro que seria usado para comprar imóveis de alto padrão.
Numa outra conta do magistrado, dessa vez no Banco Santander, João Ferreira Filho recebeu mais R$ 401,2 mil.
“A alegação defensiva de que o ‘saldo’ acumulado pelo magistrado nos anos anteriores teria possibilitado que ele fizesse frente ao expressivo gasto executado em 2023, ano em que João Ferreira Filho gastou em seu cartão de crédito quase duzentos mil reais a mais do que de fato recebeu do Tribunal, é manifestamente inverossímil e não encontra guarida na prova reunida nos autos", alegou o corregedor nacional de Justiça, Mauro Campbell, nos autos do processo disciplinar contra o desembargador.