FERNANDA MOREIRA
Julho chegou e com ela as esperadas (pelas crianças) — e algumas vezes temidas (pelos pais) — férias escolares.
A quebra da rotina altera todo o ritmo da casa. A ausência dos horários habituais, das refeições planejadas e da estrutura que a escola naturalmente oferece transforma o dia em uma montanha-russa de improvisos. E, no meio disso tudo, uma pergunta se impõe: como fica a alimentação das crianças durante esse período?
Mais tempo ocioso significa, quase sempre, mais petiscos. O beliscar substitui refeições completas, e os alimentos ultraprocessados — embalados, prontos, rápidos — ganham espaço na dispensa e no prato. Muitos pais, enfrentando jornadas duplas ou triplas, acabam trocando o preparar pelo desembalar. Mas será que essa é a melhor escolha, especialmente quando já houve tanto esforço em construir uma boa base de introdução alimentar?
A alimentação infantil não é apenas uma questão calórica ou de saciedade. É uma janela de construção da saúde futura. A infância é o momento em que se forma a microbiota intestinal, responsável não só por boa parte da imunidade, mas também pela regulação de processos neurológicos, hormonais e emocionais. Crianças alimentadas com variedade de frutas, vegetais, proteínas e fibras constroem mais que bons hábitos: constroem um corpo equilibrado e uma mente mais estável.
É justamente nas férias que os adultos têm a oportunidade — e o desafio — de transformar a alimentação em uma experiência mais afetiva e educativa. Não se trata de perfeição, mas de consciência. Ensinar uma criança a preparar um lanche simples, como um pão de queijo caseiro ou um suco natural, é tão educativo quanto ler uma história. São momentos que constroem vínculo, autonomia e percepção do que é “comer de verdade”.
Claro que não é possível controlar tudo, e sim: as férias também são feitas de exceções. Um docinho, um lanche fora de hora ou um delivery com os primos não vão comprometer toda a saúde do seu filho. O que faz diferença é o que se repete diariamente — é o padrão, não o pontual.
Por isso, pais, respirem. A alimentação não precisa virar mais uma culpa. Com pequenas escolhas e alguma criatividade, é possível garantir nutrição mesmo fora da rotina escolar. E para quem sente que precisa de ajuda para adaptar a alimentação nas férias sem estresse, esse é um ótimo momento para procurar orientação com um nutricionista clínico. Porque saúde não tira férias — e comer bem, quando vira hábito, acompanha a vida inteira.
Sobre a especialista
Nutricionista clínica e estética na Clínica Integrada FLOReSER. Atua com base em evidências científicas, aliando nutrição, comportamento e tendências contemporâneas.
Instagram: @nutri.fernandamoreira
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