UBIRATAN BRAGA
Depois da Copa, muitos brasileiros retomaram suas atividades de forma formal e, a critério, os informais retornaram com roupagem nova, digo cheios de novas expectativas com alguns legados deixados pelo campeonato mundial. Em específico, com o recomeço do certame dos clubes brasileiros, esse nicho de trabalhadores voltaram às ruas com práticas mais exigentes que as erradamente deixadas durante o campeonato. Em vários estados e em São Paulo, durante a partida Corinthians X Internacional, por exemplo, os cambistas, flanelinhas e associados, salgadistas, picolezeiros, cervejeiros...assumiram seus renovados postos com preços e atitudes absurdos.
Os guardadores (flanelinhas) estavam cobrando R$ 20 por uma vaga proibida em via onde dois carros já tinham sido multados. Agiam livremente apesar de a Polícia Militar afirmar que só poderia agir, com relação aos flanelinhas, se estiver ocorrendo algum tipo de delito, como extorsão, roubo ou constrangimento ilegal. A lei continua a mesma, porém o padrão do ‘jeitinho brasileiro’ mudou para maior comercialmente e a menor, no significado educação.
O futebol transforma o ser, entretanto o ser precisa entender que deve se transformar a reboque das mudanças. Com as ações dessa casta na Arena Corinthians, no dia de ontem, re-concluo, que somente a educação propicia mudanças de caráter e emagrece o ‘olho gordo’. É tipo, ‘um por todos e tudo pra mim’.
E parece que os representantes da população não querem colaborar, pois saibam que maioria das escolas de governo não tem rede de esgoto, suas políticas inerentes à educação não contemplam acessibilidade, quadra de esportes e bibliotecas, laboratórios de ciências e informática. Nessa última, para se ter uma idéia, a desproporção entre as escolas públicas e privadas, na metade dos colégios públicos não há acesso à internet. Já na rede particular, o número de escolas com computadores conectados chega a quase 90%. É como um comparativo entre os informais e os carteira-assinadas.
Nem adianta se comover com a situação dos flanelinhas paulistas ou cuiabanos, por exemplo, que a máxima perdurará por séculos. Basta procurar estacionar nas arenas que sentirá na pele esse padrão Fifa brasileiro de ser e inflacionar.
Ubiratan Braga* é jornalista, empresário e publicitário em Cuiabá.