Há algum tempo, tive a oportunidade de um encontro com jovens lideranças do partido Rede, em Cuiabá.
A ideia era uma conversa mais ou menos sem pauta. O tom da conversa seria dado pelo próprio andamento da conversa. E foi assim mesmo.
A abordagem inicial foi a crise política, econômica e ética que o Brasil atravessa.
O passo seguinte foi conversar sobre a reconstrução do Brasil, via uma nova ética e esta via uma nova política. Mas, política significa dizer partidos políticos.
Em se tratando de partidos, coube discutir o papel do Rede no contexto. Claro que as discussões caminham segundo as provocações. Que não foram poucas.
Na sequência da avaliação dos partidos, vieram naturalmente as condenações aos atuais partidos e ao seu comportamento predatório dos recursos públicos e da ética.
Só essa abordagem já daria discussão de quilômetros. E deu.
A certa altura, veio a discussão sobre o papel de ser oposição neste momento de transição. Foi quando surgiu a tese do contraponto.
Seria o papel da nova oposição nesse mecanismo de reconstrução da política, da ética e dos partidos políticos.
O confronto dos últimos anos pela bi-polarização entre esquerda e direita, conduzido ao modo tupiniquim, serviu apenas pra destruir diálogos políticos. Tão necessários à democracia.
A se manter a polarização nos próximos anos, o Brasil não sairá do atoleiro atual e os partidos políticos continuarão servindo de lata de lixo.
No lugar do confronto, viria a dialética na sua mais simples fórmula: tese versus antítese, resultando na síntese.
Ao contrário de hoje, quando tese não fala com a antítese e as duas caminham inimigas e eternamente divergentes.
O contraponto seria a simples dialética: uma ideia em discussão frente à outra. Ambas respeitando os seus pontos de convergência e a finalização na síntese que seria o contraponto.
Contraponto seria, portanto, cooperação intelectual e não divergência burra de pontos de vista radicais baseados em ideologias ou noutras discussões menores que só diminuem de tamanho a política.
Nosso encontro terminou tarde, e pareceu que a tese do contraponto prevaleceu. Entre lideranças jovens é fácil.
Mas no geral, entre lideranças velhas, só Deus sabe quando dará certo.
ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.