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Cuiabá, 11 de Setembro de 2025
11 de Setembro de 2025

05 de Setembro de 2013, 15h:26 - A | A

OPINIÃO / CÂMARA DE VEREADORES

A casa assombrada e a cadeira maldita

Notícias de “assombração”, “visões” e outros sons do além já fizeram muitos saírem arrepiados

JOÃO EDISOM



O prédio da atual Câmara de Vereadores de Cuiabá é há muito um local que assusta as pessoas, principalmente aqueles que nela transitam e trabalham. Notícias de “assombração”, “visões” e outros sons do além já fizeram muitos saírem arrepiados. Mas são os mortais do poder constituído que vem ano após ano virando e fazendo “vítimas”, principalmente os que ocupam o “trono” da presidência, pois não é de hoje que os “amaldiçoados” de tal cadeira sofrem com acusações, processos e até cassações, uma vez que desde os tempos do Legislativo estadual seus ocupantes carregam lembranças amargas e processos intermináveis.

O antigo "Largo da Forca", como era denominado aquele espaço que devido sua localização no centro da cidade, era frequentado por transeuntes e em um passado não muito distante foi palco de enforcamentos, punições a escravos e condenados que eram sacrificados em público. Dessa feita os populares denominaram o local de "Largo da Forca". Também já foi conhecido como Campo D'Ourique; nome importado da história de Portugal, que é uma referência ao local situado no Alentejo, que foi palco da batalha travada em 1139, quando os mouros foram derrotados e expulsos da Península Ibérica. Em 1966 por lei municipal foi doado à Assembleia Legislativa para que nesse local fosse erguida sua primeira sede própria do legislativo mato-grossense. A edificação construída no antigo Campo D'Ourique foi inaugurada em 15 de agosto de 1972, recebendo o nome de "Palácio Filinto Müller". Desde 2005 quando a Assembleia Legislativa se mudou para o complexo do Centro Político Administrativo, o hoje Paço Paschoal Moreira Cabral abriga a Câmara de Vereadores da Capital e é conhecida por boa parte da população mato-grossense e imprensa local como a “casa dos horrores”. Será maldição?

Vale ressaltar que nesta Casa vivenciamos dias muito importantes para a política mato-grossense tais como: o período da divisão do Estado de Mato Grosso e criação do Estado de Mato Grosso do Sul, foi também o local que abrigou os Deputados Estaduais Constituintes nos trabalhos de elaboração e promulgação de nossa atual Constituição Estadual, em vigor desde 05 de outubro de 1989. Mas também foi nesta Casa que seus últimos presidentes, antes de mudarem para o CPA, Gilmar Fabris e o hoje governador Silval Barbosa sofreram acusações e principalmente Humberto Bosaipo e José Riva passaram a ser penalizados com processos intermináveis na justiça brasileira.

Desde 2005 quando Assembleia Legislativa de Mato Grosso se mudou para o complexo do CPA que o espaço vem sendo ocupado pela Câmara Municipal de Cuiabá. Aliás, seu edifício foi tomado de assalto pelos vereadores da época em uma cena constrangedora e patética onde foram filmados os nobres edis subindo pelas paredes e adentrando pelas frestas das janelas. O interessante é que desde então a atual Assembleia Legislativa passou a ter momentos de calmaria em sua nova sede, a não ser pelas heranças carregadas pelos seus membros quando presidiram a Casa no antigo prédio e por terem sentado na antiga cadeira. Enquanto o antigo prédio e sua “amaldiçoada” cadeira de presidente permanece sob fortes emoções e constrangimento dos seus ocupantes os agora vereadores por Cuiabá.

De 2005 para cá já passaram vários presidentes, mas a maldição não os deixa em paz. A presidente da época da invasão, vereadora Chica Nunes, hoje já sem mandato, responde processo que apura irregularidades na gestão do Legislativo cuiabano. Seu sucessor, vereador Lutero Ponce, teve o seu mandato cassado em 16 de outubro de 2009 por problemas na sua gestão no biênio 2007/2008.

Na sequencia o ex-presidente da Casa, o senhor Deucimar Aparecido da Silva, hoje sem mandato, também foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura irregularidades e superfaturamento em uma obra realizada na Câmara Municipal de Cuiabá durante sua presidência, além de outras acusações junto à justiça mato-grossense. Sem falar da cassação do vereador Ralf Leite pela Comissão de Ética da Câmara sob acusação de quebra de decoro. É, tem hora que pega geral.

Júlio Pinheiro, o último presidente do Legislativo cuiabano, embora ainda tenha mandato de vereador por ter sido reeleito em 2012, também não teve vida fácil; enfrentou a dor da cadeira “amaldiçoada” com várias acusações e pressões de toda ordem, além de ter tido uma detenção durante sua gestão por problemas de ordem doméstica. Na reeleição tentou articular uma candidatura a presidência da Casa em 2013 e não conseguiu. Era ele o presidente no momento do apelido “casa dos horrores”, que ainda carrega ranços da sua gestão.

O atual presidente, o vereador João Emanuel PSD, parecia que iria mudar a história, mas que nada! Já esta em papos de aranha, entre afastamentos e liminares numa disputa que promete esquentar ainda mais a maldição, pois entre suas batalhas terá de enfrentar seus próprios pares, além de não ter a simpatia do Palácio Alencastro e ainda ser importunado pelos fantasmas do velho “Largo da Forca”. Vai aguentar? Serão coisas do além? Do aquém? Ou do agora? Quem viver verá.

 

* JOÃO EDISOM DE SOUZA é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso

 

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