RAFAEL DE SOUSA
DA REDAÇÃO
Na decisão que determinou a transferência do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) do 1° Batalhão do Corpo de Bombeiros para o Centro de Custódia da Capital (CCC), a juíza Selma Rosane Arruda - da 7° Vara Criminal do Fórum de Cuiabá – afirmou que para 'hospedar' o político e outros dois presos, com conforto, foi necessário que os plantonistas deixassem o quarto (composto por duas camas, frigobar, televisão, ar-condicionado e banheiro) e dormissem no chão da sala do comandante.
“Os três presos permanecem o tempo todo nos alojamentos destinados ao pessoal de plantão. Assim os plantonistas são obrigados a dormir no chão, em colchões improvisados, na sala do comandante”, diz trecho
“Os três presos permanecem o tempo todo nos alojamentos destinados ao pessoal de plantão. Assim os plantonistas são obrigados a dormir no chão, em colchões improvisados, na sala do comandante”, diz trecho do documento.
Outro detalhe exposto na decisão é em relação a alimentação dos presos: tudo era divido entre os oficiais e detentos. “Na ocasião, foi relatado que sequer há fornecimento de alimentação para os presos. O Batalhão possui cozinha própria, onde são preparados os alimentos para a tropa, de onde tiram porções de comida e repartem com os custodiados”, revela.
Silval, que foi transferido para o Centro de Custódia de Cuiabá, estava preso no 1° Batalhão do Corpo de Bombeiros, em Cuiabá, desde o dia 17 de setembro, quando se entregou à Polícia após passar 48 horas foragido. O pedido de transferência foi feito pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos.

Sala onde dormiam os oficias de que estavam de plantão.
"Não há qualquer controle quanto à entrada de objetos, o que possibilita, em tese, o tráfico de entorpecentes, introdução de armas e munições, explosivos e outros objetos ou equipamentos de uso proibido. Não é feito controle sobre o uso de aparelhos celulares, os quais são proibidos por lei aos custodiados", destaca Selma Arruda.
Nesta terça-feira (6) ele depõe, às 14 horas, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sonegação Fiscal da Assembleia de Legislativa.
OUTRO LADO
Por telefone, o advogado Ulisses Rabaneda informou que ainda não teve acesso aos autos, mas a banca de defesa pretende recorrer da decisão, assim como foi informado em nota enviada a imprensa.
“Ressaltamos que o ex-governador estava no Corpo de Bombeiros por determinação judicial, obedecendo todas as regras internas, além de receber visitas com as entradas devidamente registradas. Respeitamos a decisão judicial de transferência, mas devemos recorrer, pois acreditamos que não há motivação idônea para alteração do local da custódia”, conclui.
INCENTIVOS EM TROCA DE PROPINA
Silval é acusado de chefiar um suposto grupo criminoso que cobrava propinas de grandes empresas e indústrias em troca de concessão de incentivos fiscais, através do governo do Estado. O ex-governador já teve três pedidos de soltura negados. Até o momento foi constado o desvio de R$ 2,6 milhões pagos pela empresa Tractor Parts, do empresário João Batista Rosa. Os detalhes constam nos autos da Operação Sodoma, deflagrada pela Delegacia Fazendária que prendeu Silval e outros dois ex-secretários de sua gestão, Pedro Nadaf (chefe da Casa Civil, Fazenda, Indústria e Comércio, Minas e Energia) e Marcel de Cursi (Fazenda).