MARIA CLARA ANDRADE
TERRA
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), chamou de "patéticas" as ações praticadas pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) que teriam a intenção de atrapalhar o processo que estava em curso contra o pai deles, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A adjetivação curiosa consta no documento em que Moraes decide pela prisão preventiva do patriarca da família, por considerar que havia risco de ele fugir do País.
"A democracia brasileira atingiu a maturidade suficiente para afastar e responsabilizar patéticas iniciativas ilegais em defesa de organização criminosa responsável por tentativa de golpe de Estado no Brasil", escreveu Moraes.
Em seguida, o ministro elenca as iniciativas em questão:
"Primeiro, um dos filhos do líder da organização criminosa, Eduardo Bolsonaro, articula criminosamente e de maneira traiçoeira contra o próprio País, inclusive abandonando seu mandato parlamentar. Na sequência, o outro filho do líder da organização criminosa, Flávio Bolsonaro, insultando a Justiça de seu País, pretende reeditar acampamentos golpistas e causar caos social no Brasil, ignorando sua responsabilidade como Senador da República", considerou.
O que Moraes considera que seria uma reedição dos acampamentos golpistas era a vigília que estava sendo anunciada por Flávio em suas redes sociais. Ele convocou apoiadores do pai para se reunirem em frente ao condomínio dele a partir da noite deste sábado, 22.
Para o ministro, a ocasião era, na verdade, uma oportunidade de fuga. Corrobora com essa hipótese a informação de que Bolsonaro violou a tornozeleira eletrônica na madrugada deste sábado, às 0h08.
O que diz a defesa de Bolsonaro?
Em nota, a defesa afirmou que a prisão preventiva "pode colocar sua vida em risco" por causa de seu estado de saúde e disseram que irão apresentar recurso contra a decisão. Os advogados dizem que "causa profunda perplexidade" a motivação da prisão por causa da convocação de uma vigília de orações na casa do ex-presidente.
Eles também rebateram a suspeita de risco de fuga citada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e afirmam que ele estava sendo monitorado por policiais e foi detido com sua tornozeleira eletrônica.
Veja o comunicado na íntegra:
"A prisão preventiva do ex-Presidente Jair Bolsonaro, decretada na manhã de hoje, causa profunda perplexidade, principalmente porque, conforme demonstra a cronologia dos fatos (representação feita em 21/11), está calcada em uma vigília de orações. A Constituição de 1988, com acerto, garante o direito de reunião a todos, em especial para garantir a liberdade religiosa. Apesar de afirmar a “existência de gravíssimos indícios da eventual fuga”, o fato é que o ex-Presidente foi preso em sua casa, com tornozeleira eletrônica e sendo vigiado pelas autoridades policiais. Além disso, o estado de saúde de Jair Bolsonaro é delicado e sua prisão pode colocar sua vida em risco. A defesa vai apresentar o recurso cabível."
















