CELLY SILVA
DA REDAÇÂO
A juíza Selma Rosane Santos Arruda, da Sétima Vara Criminal, designou novas audiências para reinterrogatórios do ex-governador Silval da Cunha Barbosa (PMDB), do ex-secretário de Estado de Fazenda, Marcel Souza de Cursi e do ex-chefe de gabinete, Sílvio César Corrêa Araújo. A decisão é do último dia 10.
Os novos depoimentos foram agendados para os dias 21 (Sílvio) e 25 de outubro (Cursi) e para o dia 4 de novembro (Silval) a pedido das próprias defesas dos réus, que foram citados em declarações de outros envolvidos na suposta organização criminosa denunciada pelo Ministério Público Estadual (MPE), principalmente pelo ex-secretário de Estado da Casa Civil, Pedro Jamil Nadaf.
De acordo com os advogados de Silval Barbosa, é necessário que ele fale novamente em Juízo tendo em vista que “seu direito constitucional ao contraditório deve ser preservado durante todo o processo, mormente quando o último interrogatório do acusado Pedro Jamil Nadaf trouxe referências à sua pessoa”, consta nos autos.
Desde o final do mês de agosto, Pedro Nadaf assumiu a estratégia de defesa de confessar seus crimes, mas sem fazer acordo de delação premiada, o que lhe garante o direito de não ser obrigado a dizer a verdade e nem de devolver os bens que adquiriu ilegalmente. Apesar disso, ele se comprometeu a fazer o ressarcimento ao erário. Tanto nas audiências de instrução referentes às operaçãoes Sodoma 1 e 2 e Seven, Nadaf confessou ter cobrado propina de empresários com o argumento de que fazia isso a pedido de Silval Barbosa, que teria dívidas de campanha a pagar. Ele relatou, inclusive, que teria entregue dinheiro à Silval por diversas vezes em seu gabinete e que, assim como o ex-secretário de Estado de Administração César Roberto Zílio, costumava deixar envelopes com dinheiro de propina em um armário no banheiro do gabinete do ex-governador.
Além de fazer tais acusações contra seu ex-chefe, Pedro Nadaf também imputou aos demais envolvidos participações no suposto esquema criminoso. Ele confirmou, por exemplo, a tese levantada pelo MPE de que o ex-secretário de Fazenda Marcel de Cursi seria o "mentor intelectual" da organização criminosa e que o ex-chefe de gabinete Sílvio Corrêa seria o "fiscal da propina", quem realizava, constantemente, ameaças veladas aos captadores do dinheiro ilícito para que se mantivessem calados sobre o esquema.
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