CELLY SILVA
MARCIA MATOS
Em depoimento na Sétima Vara Criminal, na tarde desta segunda-feira (15), o ex-secretário de Estado, Pedro Nadaf, confessou à juíza Selma Rosane Arruda, que ele teria ‘arrecadado’ cerca de R$ 12 milhões, junto à empresários, para financiar a campanha de reeleição do ex-govermador Silval Barbosa (PMDB), em 2010. Segundo ele foi aí que o grupo teria começado a exigir propinas em troca da continuidade do benefício de incentivos fiscais concedidos pelo governo do Estado.
"Ele dava o arcabouço de todas as operações que tínhamos que fazer. Ele que orientava o governador", disse Nadaf sobre Cursi.
Nadaf afirmou que para ‘coordenar o sistema' recebeu R$ 1,5 milhão.
O ex-secretário, que na gestão de Silval, era considerado o "homem forte", tendo comandado pastas como a Secretaria de Fazenda, Casa Civil e Indústria, Comércio e Mineração, afirmou que a “saída” das propinas para o financiamento da campanha, teria sido a solução encontrada por Marcel de Cursi, que era adjunto da Fazenda e substituiu Nadaf, quando ele deixou a pasta.
A pretensão inicial do esquema seria pagar as contas de campanha, já que Silval teria sido ameaçado de morte dentro do Palácio Paiaguás.
"Quem trabalhava mais nos esquemas ganhavam mais na distribuição. Teve vez que eu não participei e não ganhei nada", relatou
À magistrada, Nadaf confirmou todo o esquema de extorsão a empresários que eram beneficiados por incentivos fiscais e frisou que a participação de todos dos réus(o ex-governador Silval, o ex-chefe de gabinete Silvio César Corrêa, o ex-secretário Marcel de Cursi, sua secretária Karla Cecília e o ex-procurador Chico Lima)
Nadaf ainda relatou que em agosto do ano passado Silval teria alertado a todos que o esquema teria vazado e que eles corriam o risco de ser presos a qualquer momento.
Segundo o ex-secretário, preso desde setembro de 2015, antes da gestão de Silval as coisas eram diferentes. Ele entrou em 2007, ainda no governo de Blairo Maggi (PP), mas frisou que as fraudes só iniciaram na gestão do peemedebista.
Em depoimento, Nadaf destacou que os ex-secretários de Silval tinham participação no lucro das propinas.
"Quem trabalhava mais nos esquemas ganhava mais na distribuição. Teve vez que eu não participei e não ganhei nada", relatou.
À juíza, ele frisou que todas as orientações financeiras, para conduzir o esquema criminoso, partiam de Cursi.
"Ele dava o arcabouço de todas as operações que tínhamos que fazer. Ele que orientava o governador", disse Nadaf sobre Cursi.
Segundo Nadaf teria sido Cursi quem criou o Projeto de Lei 10.207 que "blindava" o governo de ser investigado pelo Minstério Público.
EXPLICAÇÕES NECESSÁRIAS
Na oitiva desta segunda-feira Nadaf tem o dever de esclarecer à Justiça os fatos que foram relatados pela última testemunha ouvida na semana passada, o superintendente de atos e decretos da Secretaria da Casa Civil, Hélio Leão de Souza.
Em seu depoimento, Leão disse que na época em que Pedro Nadaf era o chefe da Casa Civil, ele recebeu um papel manuscrito com a letra do ex-secretário para incluir duas ou três empresas no projeto de incentivos fiscais. “Apenas cumpri a ordem”, disse Leão na audiência ocorrida no último dia 5.
“O correto seria ouvir todas as testemunhas para que depois os réus fossem interrogados. Como o Hélio falou depois que todos os réus foram interrogados e ele trouxe fatos novos para o processo, a defesa também pediu o reinterrogatório do Pedro Nadaf para que ele pudesse esclarecer esses fatos argumentados no depoimento prestado pelo Hélio. A motivação surgiu naquele momento, não foi uma coisa que já havia se cogitado”, explicou o advogado William Khalil, que faz a defesa de Nadaf.
CONFIRA A CHEGADA DE NADAF AO FÓRUM