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Cuiabá, 07 de Maio de 2024
07 de Maio de 2024

28 de Setembro de 2016, 15h:09 - A | A

JUDICIÁRIO / DESAPROPRIAÇÃO SUPERFATURADA

Ex-presidente do Intermat recebeu meio milhão para facilitar esquema

Ex-presidente do Intermat já revelou informações comprometedoras para membros de suposta organização, que levaram à deflagração da operação Sodoma 4, nesta semana.

CELLY SILVA
DA REPORTAGEM



A juíza Selma Rosane Santos Arruda, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, dá início às oitivas, na tarde desta quarta-feira (28), dos réus da operação Seven, que investiga a compra irregular de uma área na região do Manso e o desvio de R$ 7 milhões os cofres do Estado nessa transação, no final de 2014, para a ampliação do Parque Estadual Águas do Cuiabá.

Nesta audiência, serão ouvidos o ex-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, o ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), Afonso Dalberto e o engenheiro e servidor da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Cláudio Takayuki Shida.

O primeiro a prestar depoimento é Afonso Dalberto, que além de réu também é colaborador no processo. Questionado pela juíza se a denúncia apresentada pelo Ministério Público Estadual (MPE) é verdadeira ou falsa, ele assevera que é verdadeira e começa explicando como todo o esquema ocorreu. 

Ele afirma que na época em que ocorreram as fraudes, no final da gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), em 2014, recebeu solicitações do ex-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, e e do ex-procurador geral do Estado, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, para que fizesse um levantamento para a aquisição da área objeto da ação e que, atendeu o pedido, realizando o estudo, que constatou que o Intermat não tinha condições para fazer aquela a transação pois não dispunha de dotação orçamentária. Segundo o ex-presidente da autarquia, o Intermat nunca tinha dinheiro em caixa para investimentos previstos na LOA (Lei Orçamentária Anual), o único recurso era para custeio de rotina.

Ele afirma ter informado essa situação para Pedro Nadaf,Chico Lima e para Silval Barbosa em uma reunião, que teriam dito que iriam resolver a questão da verba para a compra do terreno para complementação do parque, o que dependeria da Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan) prover isso por meio de decreto assinado pelo governador. Afonso relata que ainda nessa reunião, o então secretário de Planejamento, Arnaldo ALves de Souza Neto, foi chamado até a sala, mas ele não acompanhou o que foi tratado porque já estava de saída. 

Depois desse encontro, Dalberto relata que voltou para o Intermat e determinou para o pessoal do setor financeiro fazer  o requerimento de recursos para a aquisição do imóvel. "O trâmite correto era encaminhar para a área jurídica, mas eu, de forma errônea, encaminhei direto para a área financeira. Naquele dia da reunião na Casa Civil, eu saí de lá angustiado", relembrou. 

Como recompensa por sua participação no processo, Afonso afirma que foi informado por Chico Lima que receberia R$ 500 mil, que foram pagos em duas parcelas de R$ 250 mil, entregues por Pedro Nadaf. 

Já depois de preso no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), Afonso diz que recebeu de Nadaf a informação de que Silval Barbosa teria recebido parte do dinheiro desviado para pagar dívidas de campanha, mas que não soube mais detalhes sobre como foi dividido o dinheiro ilícito. Ele também nega que tenha participado do chamado "núcleo duro" da organização e que não participou das tratativas sobre a fraude. Afonso afirma que devolveu R$ 579 mil ao erário, referente à propina recebida mais a correção monetária. 

Dalberto explicou que o processo foi encaminhado para avaliação imobiliária da Secretaria de Estado de Cidades (Secid), que acabou não atendendo ao pedido alegando falta de condições técnicas por se tratar de área rural. Questionado pelo promotor Marcos Bulhões sobre divergências nos números de matrículas do imóvel que o Estado já possuía e o que estava sendo comprado, ele disse que, na época, não se atentou a esse detalhe. 

 

 

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