CELLY SILVA
DA REPORTAGEM
O empresário Julio Tisuji, dono da empresa Webtech Softwares e Serviços Ltda, que é delator da Operação Sodoma, confessou em depoimento à juíza Selma Rosane da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, na tarde desta quarta-feira (10) que pagava propinas desde a gestão do ex-governador Blairo Maggi (PP), atual ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
“Ele disse que precisava da minha empresa e pediu pra ajudar em algumas despesas como custos de campanha. A propina então passou de 15% para 20%", relatou.
O delator, no entanto, não revelou a quem essas propinas teriam sido repassadas e se ateve a relatar as transações ilícitas ocorridas na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que somariam cerca de R$ 1, 3 milhão.
As propinas, conforme Júlio seriam repassadas diretamente aos ex-secretários de Administração do Estado, César Zílio e Pedro Elias.
Júlio disse que já tinha contrato com o Estado, mas este estava prestes a vencer. Ele contou que foi procurado pelo então secretário-adjunto de Administração, coronel José Jesus Cordeiro (preso na operação), que lhe indicou que falasse com o então secretário César Zílio.
“Ele disse que precisava da minha empresa e pediu pra ajudar em algumas despesas como custos de campanha. A propina então passou de 15% para 20%", relatou.
Do montante de R$ 1,3 milhão, o empresário disse que cerca de R$ 600 mil teriam sido repassados para César Zílio e R$ 700 mil para Pedro Elias. Ele também citou a quantia de R$ 280 mil em cheques não compensados.
De acordo com Júlio, as propinas eram pagas no gabinete da Secretaria de Adminsitração, mas que certa vez chegou a entregar o pagamento em um posto de combustíveis na Avenida do CPA.
Antes mesmo de assumir a Secretaria, Pedro Elias teria abordado o empresário cobrando que a propina fosse repassada a ele. O delator disse que ficou desconfiado e então foi levado até Silvio Corrêa, que era chefe de gabinete de Silval, e este 'avalizou' a negociação com Pedro Elias.
Além dos ex-secretários, o delator disse que frequentemente era abordado pelo então servidor, Bruno Saldanha, que hoje é réu no processo da Operação Sodoma, mas à época era responsável pela fiscalização dos contratos. Este lhe cobrava quantias para "pagar faturas de cartão de crédito". O empresário diz que Bruno teria lhe tomado cerca de R$ 25 mil em dinheiro.