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Cuiabá, 11 de Outubro de 2025
11 de Outubro de 2025

11 de Setembro de 2025, 14h:56 - A | A

GERAL / RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

Mato Grosso lidera destinação correta de embalagens de defensivos agrícolas e se torna exemplo de sustentabilidade

Em 2024Mato Grosso foi responsábvel pelo envio de 20.086 toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas à logística reversa, o que representa 29% do total do descarte adequado no país..

MÁRCIA MATOS
DO REPÓRTERMT



Em Mato Grosso, líder do agronegócio brasileiro, onde a produtividade cresce ano após ano, o destino correto das embalagens de defensivos agrícolas virou peça-chave para proteger solo, água, gente e, de quebra, transformar resíduo em matéria-prima de valor, já que 100% das embalagens são devolvidas e 95% são recicladas conforme o Sistema Campo Limpo, referência mundial para a logística reversa.

O Sistema Campo Limpo destinou 68.589 toneladas de forma ambientalmente adequada em 2024, um crescimento de 29% em relação ao ano anterior e bem acima da meta de 58 mil toneladas previstas. O motivo foi o aumento da devolução pelos agricultores.

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Conforme o Instituto Nacional de processamento de Embalagens Vazias (Inpev), Mato Grosso lidera esse índice com 20.086 toneladas do montante, o que representa 29% do total do descarte adequado.

Aprosoja/MT

produtor Fabio Busanello

O produtor rural Fábio Busanello destaca que o compromisso do agronegócio nacional com o meio ambiente tem sido exemplar.

Para se der ideia do fortalecimento da prática no estado, 100% dos mais de 9 mil produtores associados à Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) aderiram à logística reversa.

O produtor rural Fábio Busanello, delegado coordenador do núcleo da Aprosoja Mato Grosso em Primavera do Leste, planta mais de 4 mil hectares de soja e milho na Fazenda Pontal, onde há cerca de 15 anos foi adotada a prática da logística reversa. Ele destaca que o compromisso do agronegócio nacional com o meio ambiente tem sido exemplar, já que outros países, concorrentes econômicos, não têm esse cuidado.

“É, realmente a gente vê que o brasileiro está muito acima em quantidade e qualidade do que os outros países de importância no agro brasileiro, ainda nesse quesito é referência”, ressalta.

Mas ainda há gargalos a serem superados com ampliação de pontos de coleta.

“A gente vê que tem espaço para melhorar muito ainda a questão de qualidade dos locais que recebe, do que fazer com esses materiais, a gente vê que tem ainda um chão a ser melhorado muito do instante que essa embalagem chega na cidade, no lugar de entrega, para frente, ali que está tendo muito problema com esse pessoal não consegue atender ao volume”, pontuou.

Aprosoja/MT

Produtor João Osvaldo Marsaro

João Osvaldo Marsaro aponta a necessidade de aumentar o número de unidades de recebimento das embalagens para atender a demanda.

O produtor de Campo Verde, João Osvaldo Marsaro também destaca a necessidade de aumentar o número de unidades de recebimento das embalagens para atender a demanda. Na Fazenda Tarumã há cerca de 15 anos está implantada a logística reversa. Ele reforça que o complicador tem sido as áreas de recepção.

“A necessidade é o aumento das áreas de recepção, que tem muitos municípios que não têm e sobrecarregam os que têm, porque às vezes aqui a gente tem que fazer uma programação com seis meses de antecedência para a entrega das embalagens. Eu fiz esse ano aqui, entreguei e consegui uma vaga por intermédio da cooperativa e agora eu agendei no mês de junho e tenho uma para novembro para entregar”, destacou.

Como funciona o ciclo

A logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas começa ainda na compra do produto. O agricultor assume a responsabilidade de fazer a tríplice lavagem (quando indicada no rótulo) e perfurar a embalagem para evitar reutilização. Em seguida, guarda o comprovante de compra e devolve o material limpo e seco ao posto ou central de recebimento indicado na nota fiscal. Dali, as embalagens seguem para reciclagem ou incineração controlada, conforme o tipo de material.

Esse arranjo, sustentado por fabricantes, canais de distribuição e produtores, é um exemplo clássico de economia circular: o resíduo retorna à cadeia produtiva, reduzindo a pressão sobre recursos naturais e evitando a dispersão de contaminantes no ambiente.

CNA Brasil

logistica reversa

 

Solo e água agradecem

O primeiro ganho ambiental é direto: prevenção de contaminação. Quando descartadas de forma inadequada, embalagens podem liberar resíduos de defensivos no solo, chegando a córregos, nascentes e lençóis freáticos. Em regiões de intensa produção como Sorriso, Rondonópolis, Sapezal e Primavera do Leste, a escala das lavouras multiplica esse risco. A devolução correta elimina pontos de descarte

Menos emissões, mais circularidade A reciclagem de plásticos rígidos (como o PEAD) e metálicos provenientes das embalagens reduz a demanda por matéria-prima virgem. Isso significa menores emissões de gases de efeito estufa ao longo da cadeia — desde a extração de petróleo até o processamento. O material reciclado dá origem a novos produtos de uso industrial (jamais para contato com alimentos ou água), como dutos corrugados, postes, conduítes e tampas, com rastreabilidade e controle de qualidade.

Quando a reciclagem não é tecnicamente segura — caso de algumas embalagens flexíveis ou muito contaminadas — a incineração em fornos licenciados assegura a destruição térmica dos resíduos e o controle das emissões, com monitoramento ambiental.

Cumprir a lei e elevar o padrão

A logística reversa de defensivos agrícolas no Brasil é respaldada por um arcabouço legal robusto (como a Política Nacional de Resíduos Sólidos e normas específicas para defensivos). Em Mato Grosso, o alinhamento entre órgãos ambientais, fabricantes, revendas e cooperativas consolidou uma rede de centrais e postos que dá capilaridade ao sistema. Para o produtor, cumprir os prazos de devolução e manter os comprovantes significa estar em conformidade em auditorias, certificações e programas de compra que valorizam práticas ESG.

Inpev

Logistica reversa

 

Benefícios que se somam na paisagem

Proteção de nascentes e cursos d’água: menos resíduos perigosos em APPs e bacias hidrográficas.

Conservação do solo: evita degradação química e mantém serviços ecossistêmicos essenciais à produtividade. Fauna e flora: diminui riscos a polinizadores e organismos não alvo, favorecendo o equilíbrio biológico.

Economia local: gera empregos em triagem, transporte e reciclagem; estimula inovação em materiais.

Reputação internacional: agrega valor às cadeias de soja, milho, algodão e pecuária ao demonstrar rastreabilidade ambiental.

Olhando adiante

A próxima fronteira é integrar dados de devolução com traçabilidade de talhão e inventários de emissões, para que cada fazenda comprove, com números, o quanto a logística reversa reduz sua pegada ambiental. Em um estado que abastece o mundo de alimentos, fechar o ciclo das embalagens perigosas é mais do que obrigação legal: é uma vantagem competitiva e uma proteção concreta ao patrimônio natural de Mato Grosso.

 

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