DAFFINY DELGADO
DO REPÓRTER MT
Em nota divulgada nesta quinta-feira (01), o delegado da Polícia Civil, Bruno França, reconheceu que se excedeu e que "abusou em suas verbalizações" ao invadir uma casa no condomínio Florais dos Lagos, em Cuiabá, na última segunda-feira (28). Ele diz não se arrepender da ação contra a empresária Fabíola Martins, mas pediu desculpas pelos traumas causados a uma criança de 4 anos, filha da mulher.
"Quanto à decisão de enfrentar a agressora e realizar sua captura, tal conduta não possui qualquer ilicitude e não goza de arrependimento de minha parte. Desde a noite de 28/11/2022 venho sendo atacado na imprensa de forma injusta e não verdadeira pela conduzida. Todavia, desde a noite de 28/11/2022 meu enteado está, finalmente, protegido e seguro", escreveu.
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Segundo França, a empresária é investigada por coagir e perseguir seu enteado, de 13 anos. Na segunda-feira (28), soube de mais um episódio e decidiu cumprir prisão em flagrante da mulher, por descumprir medida protetiva.
Toda a ação foi filmada pelas câmeras de segurança da residência. Desde então, o delegado tem sido acusado de abuso de autoridade e coação. Na gravação ele aparece armado, gritando e ameaçando os moradores na frente da criança, que grita e chora de desespero.
"Peço ainda desculpas pelo susto causado à criança inocente que se encontrava dentro da residência. Não sabíamos da presença desta no interior do cômodo antes da entrada e, desde o ocorrido, a ideia do medo que causei a essa menina é, de longe, aquilo que mais tem me machucado. A Polícia Civil existe para proteger as pessoas e não para assustá-las, motivo pelo qual espero que um dia essa criança possa me perdoar", afirma.
Na nota, Bruno França destaca que a Polícia Civil serve para proteger e não assustar as pessoas.
"Isso foi um erro pelo qual peço, a todos, as mais sinceras desculpas. Tal excesso, em que pese ser injustificável, é alicerçado por certa compreensividade, considerando que me encontrava em situação em que meu enteado estava sendo vitimado e, minutos antes, havia se dirigido a mim em estado de terror", disse.
Além da ação truculenta na casa da investigada, o delegado teria agredido verbalmente o advogado da empresária, Rodrigo Pouso, já na delegacia. Por isso, a Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso (OAB-MT) se manifestou na quarta-feira (30), afirmando que iria pedir o afastamento de Bruno junto à corregedoria da Polícia Civil.
Entretanto, ao reconhecer o "excesso" que cometeu durante a ação naquele dia, o delegado resolveu se antecipar e atender ao pedido da Ordem, se afastou voluntariamente do cargo por 30 dias, sem remuneração e podendo o prazo ser estendido por mais 30 dias.
A Polícia Civil abriu um Procedimento Administrativo para investigar a atuação do delegado. Bruno está há apenas 7 meses na instituição, não tem estabilidade efetiva e pode ser exonerado ao fim das investigações.
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