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Cuiabá, 01 de Julho de 2025
01 de Julho de 2025

01 de Julho de 2025, 09h:01 - A | A

GERAL / DE MT AO PARÁ

Associação indígena pede R$ 1,7 bilhão em ação contra Ferrogrão

Instituto presidido pelo sobrinho do cacique Raoni diz que governo federal não fez consultas às comunidades que serão afetadas pelas obras.

CARLOS PETROCILO
FOLHA DE S. PAULO



O Instituto Kabu e o Centro Santo Dias de Direitos Humanos apresentaram nesta sexta-feira (27) uma ação civil pública contra o governo federal para suspender o processo de concessão da Ferrogrão —projeto na região Amazônia que pretende ligar o Mato Grosso ao Pará.

As entidades também pedem uma indenização por dano moral coletivo de R$ 1,7 bilhão —o projeto é avaliado em R$ 34 bilhões.

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Na ação, as entidades afirmam que a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) ignorou a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho sobre Povos Indígenas e Tribais, que prevê uma consulta às comunidades impactadas pelas obras.

O tratado também obriga governos a reconhecerem e protegerem valores e práticas sociais, culturais e espirituais das comunidades.

Os advogados das entidades afirmam que a obra promoverá um desmatamento de quase 500 mil hectares, conforme estudos preliminares.

O instituto Kabu é presidido pelo líder indígena Doto Takak Ire, sobrinho do cacique Raoni. As entidades são representadas na ação pelos escritórios Melillo & Associados e Márlon Reis & Estorilio.

Em março, o secretário do Ministério dos Transportes, George Santoro, disse à Folha que havia discutido as obras com os povos indígenas e admitiu que não houve consenso. "Estamos fazendo o que podemos, dentro das nossas competências", disse Santoro na ocasião.

"Melhoramos o projeto, criamos um item de sustentabilidade com R$ 1 bilhão de compensação ambiental que não tinha. Fizemos discussões com os povos indígenas. Eles entendem que não foi suficiente, mas ok, fizemos uma discussão", afirmou.

A Ferrogrão é um dos projetos que integram o Plano Nacional de Ferrovias do governo federal, voltado para a concessão de 4.700 km de estradas de ferro, com empreendimentos que cortam as regiões Sudeste, Norte e Nordeste.

O projeto prevê 933 quilômetros de ferrovia que irá interligar Sinop (MT) a Miritituba (PA).

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