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Cuiabá, 30 de Junho de 2025
30 de Junho de 2025

30 de Junho de 2025, 14h:05 - A | A

OPINIÃO /

Empréstimo Consignado: Solução Financeira ou Armadilha Disfarçada?

DO REPÓRTERMT



O empréstimo consignado vem ganhando cada vez mais espaço no mercado financeiro brasileiro. Sua promessa é tentadora: taxas de juros mais baixas, menos burocracia e parcelas que são automaticamente descontadas da folha de pagamento ou benefício do INSS. Parece ideal, certo? Mas será que é mesmo?O empréstimo consignado vem ganhando cada vez mais espaço no mercado financeiro brasileiro. Sua promessa é tentadora: taxas de juros mais baixas, menos burocracia e parcelas que são automaticamente descontadas da folha de pagamento ou benefício do INSS. Parece ideal, certo? Mas será que é mesmo?

Neste artigo, vamos analisar, com profundidade, as consequências do consignado, o que diz a lei, os riscos emocionais e comportamentais, além de estratégias práticas para viver sem depender desse tipo de crédito. Ao final, você terá um olhar mais crítico e consciente sobre o tema.

O Que é o Empréstimo Consignado?É uma linha de crédito em que as parcelas são descontadas diretamente do salário, aposentadoria ou pensão. Justamente por ter menor risco de inadimplência, ele costuma oferecer taxas de juros mais atrativas.

Mas o que parece simples e vantajoso pode se tornar um peso no orçamento. Principalmente quando o crédito é usado sem planejamento, por impulso ou como solução para um descontrole financeiro mais profundo.

As Consequências do Consignado na PráticaMuitas pessoas são atraídas pela facilidade, mas não avaliam o impacto real que o consignado pode ter na vida financeira. Veja os principais riscos:

1. Comprometimento da RendaComo o valor é descontado diretamente da fonte pagadora, o dinheiro “nem passa pelas mãos” do tomador. Isso pode parecer positivo, mas limita a flexibilidade do orçamento. Imagina comprometer 30% da sua renda fixa e ainda ter que lidar com imprevistos?

2. Superendividamento DisfarçadoO consignado pode dar uma falsa sensação de segurança. A pessoa sente que resolveu o problema, mas, muitas vezes, apenas postergou. Se não houver reeducação financeira, é comum cair em um ciclo de empréstimos constantes.

3. Risco em Caso de DemissãoPara quem é CLT, ser desligado da empresa pode gerar um problema sério. A dívida é abatida das verbas rescisórias. Se essas verbas forem insuficientes, o saldo devedor se transforma em um novo empréstimo, com juros muito mais altos.

4. Impacto na AposentadoriaAposentados e pensionistas também correm riscos. O comprometimento mensal reduz a qualidade de vida, tira a margem para imprevistos e, em muitos casos, o crédito acaba sendo usado para ajudar familiares — o que agrava a situação.

O Que a Lei Diz Sobre ConsignadoA lei brasileira tenta colocar um “freio de segurança” nesse tipo de crédito. Existe uma margem consignável, que é o percentual máximo da renda que pode ser comprometido. Atualmente, a regra geral permite:* 35% do salário, sendo: o 30% para empréstimos consignados o 5% para cartão de crédito consignado
Para servidores públicos federais, aposentados e pensionistas do INSS, esse limite pode ter pequenas variações, conforme a lei específica de cada categoria. Em janeiro de 2025, a taxa média dos consignados era de 1,76% ao mês.

Essas regras existem para evitar o superendividamento, mas não eliminam o risco. Por isso, mesmo dentro do limite, é essencial pensar bem antes de contratar.

Esses limites são importantes, mas não são suficientes sozinhos. Sem orientação, planejamento e conhecimento, é fácil cair em armadilhas mesmo dentro da legalidade.

O Lado Psicológico do ConsignadoO empréstimo consignado, muitas vezes, é uma resposta emocional a uma dor que não é financeira. É comum que pessoas recorram a ele por:* Pressão familiar* Medo de perder padrão de vida* Vergonha de dizer “não”* Desejo de manter aparências* Compensação por frustrações do passado

Comprar por impulso, ajudar quem não pode ajudar, consumir para se sentir melhor… tudo isso pode ser pano de fundo para uma decisão financeira que parece racional, mas é emocional.
Por isso, antes de contratar um empréstimo, pare e reflita: você está tentando resolver um problema financeiro ou emocional?

Checklist: Vale a Pena Fazer um Consignado?Faça essas perguntas a si mesmo antes de tomar a decisão: 1. Estou contratando esse empréstimo por necessidade ou por impulso? 2. Já esgotei todas as alternativas (renegociação, renda extra, ajuda familiar)? 3. Esse empréstimo cabe no meu orçamento, sem prejudicar despesas básicas? 4. Estou ciente do valor total a pagar e por quanto tempo ficarei comprometido? 5. Essa dívida resolve a raiz do problema — ou só alivia temporariamente?

Se a maioria das respostas for “não” ou “talvez”, a melhor decisão pode ser esperar e se planejar melhor.

Como Viver Sem Recorrer ao ConsignadoSim, é possível viver sem depender de empréstimos para manter o básico. Mas isso exige organização e, muitas vezes, mudança de hábitos:

1. Planeje seu OrçamentoTenha clareza sobre quanto entra, quanto sai e para onde vai cada centavo. Aplicativos, planilhas e cadernos podem ajudar — o importante é saber o que está acontecendo com seu dinheiro.

2. Crie uma Reserva de EmergênciaGuarde, aos poucos, o equivalente a 3 a 6 meses das suas despesas essenciais. Assim, em caso de imprevisto, você não precisa recorrer a crédito.

3. Quite Dívidas com Juros AltosPriorize pagar primeiro as dívidas mais caras (como rotativo do cartão e cheque especial). Se necessário, negocie com o banco ou troque por um crédito com juros menores.

4. Adote o Consumo ConscienteDiferencie desejos de necessidades. Evite parcelamentos longos e compras por impulso. Busque satisfação em coisas simples e evite gastar para “compensar” emoções.

5. Busque ConhecimentoEducação financeira é libertadora. Aprender sobre dinheiro é um processo contínuo que te torna menos dependente de crédito e mais dono(a) das suas escolhas.

Alternativas ao ConsignadoAntes de recorrer ao consignado, considere outras saídas:* Renegociar dívidas direto com o credor* Buscar atendimento gratuito em órgãos como Procon ou Defensoria* Conversar com familiares sobre ajuda, com acordos claros* Oferecer produtos ou serviços para gerar uma renda extra* Utilizar cooperativas ou instituições com linhas de crédito mais conscientes

O Consignado é Bom ou Ruim?O empréstimo consignado não é bom nem ruim por si só. Ele pode ser um aliado em algumas situações — como reorganizar dívidas caras com juros altos — se for usado com planejamento, clareza e responsabilidade.

Mas ele também pode ser um grande vilão se virar uma bengala emocional ou um hábito para cobrir buracos no orçamento.

A melhor decisão é sempre aquela feita com informação, consciência e visão de futuro.

Patrícia Capitanio é Palestrante, Consultora financeira, sócia da empresa W1 consultoria Financeira, autora do Livro Consultório Lucrativo, com 17 anos de experiência no mercado financeiro

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