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Cuiabá, 27 de Maio de 2024
27 de Maio de 2024

10 de Junho de 2018, 14h:00 - A | A

GERAL / PLÁSTICA PARA TODOS

Advogada alerta: Médicos fazem cirurgias sem conhecer os pacientes

Janete Dias Pizarro representa a família da esteticista Daniele Bueno, que morreu após realizar uma cirurgia pelo programa Plástica Para Todos, há exatamente um mês e apresentar complicações.

CAMILA PAULINO
DA REDAÇÃO



A advogada Janete Dias Pizarro responsável pela defesa da família da esteticista Daniele Bueno, 33 anos, que morreu após realizar uma cirurgia plástica feita há exatamente um mês, por meio do programa Plástica Para Todos – alerta para o comércio, feito por médicos, administradores e enfermeiros, sobre procedimentos feitos abaixo do preço de mercado, sem o devido acompanhamento a pacientes.

Ao Janete explicou que há uma página no Facebook com mais de 6 mil mulheres cadastradas e também um grupo no WhatsApp em que os agenciadores incentivam as mulheres a fazerem a cirurgia. As propagandas usam fotos de modelos e a promessa do corpo perfeito por preço baixo.

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Daniele teria pago R$ 50 para entrar no programa e outros R$ 50 para fazer a consulta médica. As cirurgias de mamoplastia e lipoescultura custaram R$ 7 mil.

“O responsável pelo grupo não é médico e o cirurgião que fez o procedimento em Daniele nem conhece as pacientes”, afirma a advogada.

“O responsável pelo grupo não é médico e o cirurgião que fez o procedimento em Daniele nem conhece as pacientes”, afirma a advogada.

O médico Eduardo Santos Montoro, de Belo Horizonte (MG), veio à Cuiabá somente para realizar diversas cirurgias agendadas por este grupo e a advogada alega que ele sequer sabia quem era Daniele.

“É algo extremamente sem preparo e sem pessoalidade, no sábado depois da cirurgia ele falou que nem lembrava quem era Daniele, alegando ele que eram muitas pacientes”.

A família aponta que os médicos que integram este grupo vêm de fora e não prestam o preparo adequado à cirurgia.

“Eles chegam somente no dia da cirurgia para operar a paciente. Outras pessoas fazem os exames e orientam os procedimentos pré-cirúrgicos.

“Eles chegam somente no dia da cirurgia para operar a paciente. Outras pessoas fazem os exames e orientam os procedimentos pré-cirúrgicos. Eles falam que tem um UTI no hospital, mas na verdade não tem, então a paciente faz o procedimento enganada”, explicou a advogada.

Janete garante que a vítima estava apta para operar e que provavelmente não apresentaria nenhuma complicação por algum problema de saúde.

Por conta das suspeitas de ter ocorrido falhas médicas, a família entrou como denunciante em uma sindicância aberta pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-MT) e entregou provas e declarações para dar subsídios à coordenadora da sindicância e espera que as investigações se tornem um Processo Ético Disciplinar (PED).

“Nós estamos entregando todos os documentos que comprovam que Daniele estava apta para a cirurgia, com os depoimentos de testemunhas que também ouviram a equipe dizer que no Hospital Militar tem UTI e como foram realizados todos os procedimentos, custos, tudo. Esperamos que a Justiça seja feita e que se houver algum culpado que seja punido”, concluiu a advogada.

Investigações policiais

A advogada disse que a família ainda aguarda o laudo da Perícia Oficial Técnica (Politec), que vai revelar a causa da morte e que por meio deste laudo é possível apurar se houve falhas ou erros médicos. 

As investigações estão por conta da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), conduzidas pela delegada Alana Cardoso. 

"Eu conversei há uns dias atrás com a delegada e ela disse que já pediu agilidade no processo, mas o laudo é muito detalhado, tem muitas coisas a serem apuradas, ela tinha várias cicatrizes. A delegada me disse que assim que o laudo ficar pronto terá uma linha de investigação para seguir e dará andamento as oitivas", explicou a advogada.

O caso

Daniele apresentou complicações após realizar as cirurgias, feitas no Hospital Militar, no dia 9 de maio. 

As duas cirurgias duraram cerca de 6 horas e foi levada para ficar no quarto, onde a esposa de Daniele a acompanhava. 

Pouco tempo depois ela percebeu que Daniele estava com os dedos brancos e chamou o enfermeiro.

Ele virou a paciente e percebeu que havia sangue saindo pelo dreno, mas ele disse que isso era normal e poderia ser reflexo da anestesia. Em seguida veio outro enfermeiro, que verificou que Daniele já estava sem pulsação.

A equipe se desesperou e tentaram recuperar o pulso da jovem com uma bomba manual de oxigênio e massagem cardíaca. A jovem permaneceu internada.

Somente depois de uma hora o médico chegou ao local e disse que teria que levar a paciente para outro hospital.

A mulher sofreu uma parada cardíaca e no dia seguinte foi transferida para o Hospital Sotrauma, já que no Hospital Militar não há Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A família teve que apresentar um cheque-caução de R$ 17,5 mil.

A transferência só ocorreu cerca de quatro horas depois, quando Daniele já tinha sofrido outras duas paradas cardíacas. 

No Hospital Sotrauma ela apresentou falência múltipla dos órgãos e morte cerebral confirmada. Na tarde do dia 13 a paciente sofreu sucessivas paradas cardíacas e morreu.

De acordo com a Polícia Civil, a vítima teria pago R$ 50 para entrar no programa e outros R$ 50 para fazer a consulta médica.

 

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