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Cuiabá, 27 de Agosto de 2025
27 de Agosto de 2025

22 de Julho de 2011, 13h:16 - A | A

POLÍTICA /

Auro Ida: inigualável nos bastidores da política - por Romilson Dourado



ROMÍLSON DOURADO   12h00

Auro Ida, que foi morto prematuramente, aos 48 anos, era um sujeito simples, averso a terno e gravata. Não abandonava por nada o tênis nos pés, camisa polo e calça jeans. Construiu seu próprio estilo. Ele conquistou espaço e se tornou inigualável na cobertura dos bastidores da política.

Tranquilo e sempre brincalhão, costumava distrair os colegas jornalistas, principalmente naquele momento em que todos aguardavam, dispersados ou apertados numa sala, pelo momento de começar alguma entrevista coletiva.

Enquanto quase todos, principalmente os chamados focas, ensaiavam para fazer perguntas, Auro seguia nos seus comentários bem humorados e sarcásticos sobre uma ou outra pessoa, mas em tom de respeito. Roubava a cena. Mas, na hora do agente público se apresentar para a imprensa, Auro, estrategicamente, se afastava para acompanhar tudo à distância. Seu enfoque era outro. Depois, a sós com o entrevistado, conseguia arrancar informações privilegiadas.

Daí nascia o furo. Ele tinha a capacidade de, mesmo numa entrevista coletiva, levantar informações únicas. Era bem informado. Construiu uma rede de fontes. Não corria mais atrás da notícia. A classe política o procurava.

Trabalhei junto com Auro por 8 anos, primeiro como repórter de Política do jornal A Gazeta e, depois, como editor. Ele estava sempre de bom humor, por mais problemas pessoais que carregasse sobre os ombros. Um excelente profissional. Era daquele jornalista que, quanto mais dele exigisse, mais conseguia informações.

Também comprava briga em defesa de seu posicionamento, mas sem perder a humildade que o ajudou a se tornar o mais influente jornalista político do Estado.

Na cobertura do dia-a-dia do Palácio Paiaguás, Auro Ida tinha contato direto com o governador. Foi assim com Jayme Campos, Dante de Oliveira e com Blairo Maggi. O mesmo se percebia na cobertura das sessões na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal de Cuiabá.

Essa relação profissional de Auro com muitos políticos acabou se tornando tão forte que se transformou em amizade, principalmente com o ex-prefeito Roberto França, de quem foi secretário de Comunicação. França não tomava uma decisão importante sem, antes, consultá-lo. Depois da experiência de ocupar cargo público, Ida se afastou das redações. Passou a atuar mais como consultor e estrategista político.

Sua morte, aos 48 anos, representa uma perda irreparável para o jornalismo mato-grossense, já tão carente de cobertura de bastidores. Filho de agricultores, Auro levava uma vida simples, convivendo com autoridades. Morreu pobre e deixa órfãos 6 filhos, pelos quais seria capaz de dar a vida. Foi um guerreiro, de peito aberto e coração mole. Nesta sexta, um homem, covardemente, o matou a tiros. Auro tomba, mas deixa escrita para sempre a história de dezenas de pessoas.

Adeus, Auro Ida, descanse em paz!

ROMÍLSON DOURADO é jornalista, diretor do site e blog RDNews.

 

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