THIAGO NOVAES
DO REPÓRTER MT
A BioSeg Saúde e Segurança do Trabalho, alvo da Operação Contraprova, deflagrada pela Polícia Civil na manhã desta sexta-feira (15), falsificava exames para não gastar insumos e aumentar a margem de lucro da empresa. A informação foi repassada pelo delegado Rogério Ferreira em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (15).
Conforme o delegado, ao não realizar os exames, o laboratório consequente não tinha custos com reagentes, mas recebia os pagamentos como se tivesse prestado o serviço. A empresa foi contratada na gestão Emanuel Pinheiro.
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“Quando você falsifica um laudo de um exame laboratorial você não gasta com reagente, você não gasta para fazer o exame. Então você pura e simplesmente descarta a amostra, não tem custo algum, falsifica o resultado e recebe o dinheiro.”, disse.
De acordo com as investigações, a rede possui laboratórios em Cuiabá, Sorriso e Sinop e atende órgãos públicos como a Prefeitura de Cuiabá, clínicas médicas e nutricionais particulares, um convênio médico, além de pacientes particulares. O laboratório falsificava exames de HIV, sífilis, hepatite, toxicológico, covid-19, entre outros.
As irregularidades na BioSeg foram descobertas em abril deste ano, após uma denúncia da Vigilância Sanitária Municipal de Cuiabá, que apontou a suspeita de que o laboratório não realizava as análises das amostras coletadas e ainda assim emitia laudo. Na época, o laboratório foi submetido a uma fiscalização e foram encontradas amostras de sangue que haviam sido coletadas em dias anteriores em cima de uma mesa, sem qualquer acondicionamento térmico necessário.
O biomédico e sócio do laboratório, Igor Phelipe, tentou explicar o fato dizendo que os exames eram feitos por um laboratório terceirizado, mas não conseguiu provar.
No local foi constatado ainda que não havia equipamento funcionando, nem materiais reagentes necessários para a realização de exames. Após a vistoria, o biomédico foi preso em flagrante, mas foi solto no mesmo dia após audiência de custódia.
Nesta manhã a Polícia Civil cumpriu outras dez ordens judiciais, além da prisão de Igor, como busca e apreensão nas casas dos sócios e unidades da empresa, interdição judicial das três unidades, suspensão do registro de biomédico do sócio preso, suspensão de contratos do laboratório com o Poder Público e proibição dos sócios de contratar com órgãos públicos da União, Estados e Municípios.
Os investigados poderão ser indiciados nos crimes de estelionato, falsificação de documento particular, peculato e associação criminosa, cujas penas podem chegar a até 25 anos de prisão, além de multa.
Igor era assessor parlamentar na Câmara Municipal de Cuiabá. Ele foi contratado em junho deste ano e fazia parte da equipe do vereador Gustavo Padilha (PSB), com um salário de R$ 2.250. Após a notícia da prisão, o assessor foi exonerado.