MIKHAIL FAVALESSA
DA REDAÇÃO
O ex-governador Silval Barbosa irá prestar depoimento à Controladoria Geral do Estado (CGE) no dia 3 de julho sobre a desapropriação da área do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá. A compra do terreno pelo Estado por R$ 31,7 milhões foi alvo de investigação do Ministério Público Estadual (MPE) na quarta fase da Operação Sodoma.
O novo depoimento deverá ser prestado à Comissão de Processo Administrativo de Responsabilização da CGE, que apura a participação de servidores públicos estaduais em todos os casos narrados por Silval em sua delação. O juiz Jorge Luiz Tadeu Rodrigues, da Vara Especializada Contra o Crime Organizado, autorizou a oitiva.
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“Desta forma, considerando que o acusado se encontra em prisão domiciliar e ante a relevância do pedido que visa instruir procedimento administrativo, Autorizo o acusado Silval da Cunha Barbosa a comparecer na Controladoria Geral do Estado de Mato Grosso (Centro Político Administrativo – Complexo Paiaguás, Cuiabá/MT), no dia 03/07/2018, a partir das 14h”, escreveu o magistrado.
Em sua colaboração premiada fechada com a Procuradoria Geral da República (PGR), o ex-governador confessou ter atuado para que metade do valor da desapropriação, R$ 15,8 milhões, fosse destinada à organização criminosa liderada por ele. Cerca de R$ 10 milhões teriam sido utilizados para saldar dívidas de campanha de Silval e de outros políticos ligados a ele com o empresário Valdir Piran, dono de factorings em Mato Grosso.
Os demais valores desviados teriam sido recebidos pelo ex-secretário de Estado Pedro Nadaf, pelo ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) Afonso Dalberto e pelo procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, conhecido como Chico Lima. Nadaf também fechou acordo de colaboração premiada com a PGR e Afonso Dalberto é delator junto ao MPE.
Parte dos valores recebidos por estes três teria sido lavado por meio de empréstimos simulados pelo empresário Alan Ayoub Malouf, dono do Buffet Leila Malouf.
De acordo com Silval, o ex-secretário de Fazenda Marcel de Cursi e o ex-secretário de Planejamento Arnaldo Alves também teriam participação na operacionalização da desapropriação – o ex-governador diz não saber se eles receberam parte da propina.
A área do Jardim Liberdade, com 55 hectares, foi desapropriada em 2014, depois de uma série de invasões no local. O grupo de Silval teria forçado o empresário Antônio Rodrigues, dono da Santoniri Empreendimentos e da área, a devolver metade do valor pago pelo Estado para que a compra fosse viabilizada. Rodrigues afirmou, em depoimento na Vara Especializada Contra o Crime Organizado, que passava por dificuldades financeiras e precisava vender o terreno.
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