MARCIO CAMILO
DA REDAÇÃO
O juiz Marcos Faleiros, da Décima Primeira Vara Militar de Cuiabá, decidiu adiar o julgamento do caso conhecido como "Grampolândia Pantaneira", depois dos reinterrogatórios prestados pelos coronéis Zaqueu Barbosa e Evandro Lesco e pelo cabo Gérson Corrêa, na terça e quarta-feira (16 e 17).
O julgamento do caso iria ser nos dias 14,15 e 16 de agosto. Com o adiamento, a previsão é que ocorra nos dias 6,7 e 8 de novembro.
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Ao final do interrogatório do cabo Gerson, na noite de quarta-feira (18), o juiz estabeleceu prazo de 10 dias para que as defesas apresentem no processo os fatos novos, como as citações de envolvimento de promotores do Ministério Público Estadual, assim como o pedido de delação unilateral.
O juiz agora deve analisar as novas informações, bem como a pertinência delas para o caso. Dependendo do entendimento do magistrado, os réus podem ter as penas abrandadas.
Delações
Zaqueu, Lesco e Gérson tentaram celebrar acordo de delação premiada com o Ministério Público Estadual, no início deste mês.
Mas o MPE entendeu que os militares não trouxeram fatos novos ou respaldados em provas materiais que pudessem ser pertinentes ao caso. Se a delação fosse aceita, os militares pretendiam a diminuição de suas penas.
Com a recusa do MPE, eles tentam firmar delação direta com o juízo da Décima Primeira Vara Militar de Cuiabá.
Dentre os fatos novos apresentados nas delações dos militares estaria o suposto envolvimento sistemático de promotores na prática barriga de alguel - quando é inserido os dados telefônicos de uma pessoa em uma investigação em que ela não é suspeita de participar de esquema (saiba mais).
Grampos
O caso dos grampos veio à tona em 2016 a partir de denúncia do promotor de Justiça, Mauro Zaque, que deixou a pasta de Segurança Pública do Estado após relatar o caso e documentar a denúncia ao então governador Pedro Taques (PSDB).
Segundo a denúncia, policiais militares e integrantes da cúpula do Governo do Estado mantinham escutas telefônicas sobre as linhas de políticos, empresários, juízes e jornalistas. Para conseguir autorização judicial, os números eram anexados a uma lista para interceptação de pessoas investigadas por tráfico de drogas na Comarca de Cáceres. Um esquema também conhecido como “barriga de aluguel”.
Anteriormente, o caso já foi investigado pelos delegados Ana Cristina Feldner e Flávio Stringuetta. Em maio, três novos delegados assumiram sendo: Jannira Laranjeira, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá; Luciana Canaverde, delegada regional de Água Boa e Rafael Mendes Scatalon, que atua como delegado regional de Pontes e Lacerda.