Os antigos bondes cuiabanos

MOACYR FREITAS

Poucos cuiabanos sabem que seus antepassados já utilizavam o transporte coletivo sobre trilho nas ruas e avenidas de Cuiabá.

Como algumas capitais do país, nossa cidade oferecia esse conforto aos seus habitantes do final do século XIX e início do século XX, quando não havia nela energia elétrica muito menos veículo motorizado.

Quanta abnegação a nossa cidade! Pessoas que por amor a ela tiveram a iniciativa de se unirem para fundar uma companhia e dar aos seus habitantes esse conforto. Não havia por aqui nesse tempo nenhum serviço de transporte coletivo. Dois comerciantes: Joaquim de Matos e Manoel Monteiro, portugueses, formaram a Companhia Progresso Cuiabano, a primeira nesse serviço em nossa capital.

Assim, confortáveis bondes à tração animal transportavam seus passageiros do bairro do Porto ao centro da cidade e vice-versa.

Reconhecemos essa história nos livros e documentos históricos, onde aparece a fotografia do bonde bem como o trilho sobre o qual percorria nossas vias públicas.

Como arquiteto, pesquisei e construí a miniatura de um deles e doei ao Museu Histórico de  Mato Grosso, localizado na Praça da República, bem no centro de Cuiabá, onde pode ser visto.

Esse serviço, que iniciou em 1891, serviu à sociedade cuiabana até 1919, quando fora substituído pelos coletivos motorizados, nossos ônibus, que naquele tempo eram apelidados de “jardineiras”.

Hoje, estamos vendo como tudo é diferente. Para implantação de um novo estilo de transporte coletivo em nossa cidade, surgem as oposições por mais diferentes formas para impedir sua realização. O que se observa é a ausência de amor a nossa cidade. Impera os interesses particulares desarticulados de nossa sociedade. São daqueles que dizem amar Cuiabá. Eles são do Mato Grosso e não de Mato Grosso e, muito menos de Cuiabá.

Clique aqui e veja a imagem do bonde.

Moacyr Freitas e arquiteto e membro do Inst. Hist. e Geográfico de Mato Grosso.

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