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Cuiabá, 17 de Março de 2025
17 de Março de 2025

06 de Setembro de 2013, 08h:34 - A | A

OPINIÃO / “OIAPOQUE AO CHUÍ”

O pensamento de Rondon

Militar exemplar, ele foi um dos maiores nomes da historia nacional

WILSON SANTOS



É natural imaginarmos que o nível cultural e de pensamento de Rondon fossem normais, de um militar disciplinado,esforçado e destemido, pronto para cumprir qualquer missão do “Oiapoque ao Chuí”, na passagem do século XIX para o XX.

 

Afinal, ele vivia embrenhado nos sertões, convivendo com índios, feras, doenças e militares de baixa patentes.

 

Ledo engano!

 

Rondon era erudito e consistente ideologicamente. Leu quase todos os grandes escritores nacionais e estrangeiros, leu os clássicos da historia, mitologia e filosofia grega, passou pelas obras lógicas de Bacon e Descartes, estudou os enciclopedistas, era impressionado com os sociólogos e no Brasil, gostava muito das lutas e obras de José Bonifacio e de José de Alencar.

 

Benjamin Constant, esse foi o homem que “fez a cabeça” de Rondon, seu maior inspirador. " Cândido Mariano da Silva Rondon contribuiu com a botânica, zoologia, mineralogia, geologia, etnografia, geografia, antropologia, cartografia e em outras áreas do conhecimento"

 

Constant era oficial do Exército e foi seu professor na Escola Militar, sendo decisivo na formação do pensamento e na envergadura moral de Rondon.

 

Foi na escola militar da capital federal que o jovem cadete mato-grossensse conheceu a filosofia positivista, criada pelo francês Augusto Comt e que tinha em Benjamin Constant seu maior representante em nosso país.

 

Antes de mergulhar nos sertões, Rondon tornou se professor de astronomia, mecânica e matemática da Escola Militar do Rio de Janeiro (atual IME).

 

Convivendo com Constant, tornou-se um positivista convicto e ardoroso para o resto de sua vida, inclusive membro da igreja positivista.

 

Nas intermináveis jornadas pelos grotões e selvas brasileiras, Rondon tinha clareza da importância do seu papel e, apesar das dificílimas e extenuantes tarefas de levar as linhas telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas, interligando o pais, fez o primeiro trabalho de interdiciplinaridade do Brasil.

 

O filho do Pantanal transformou suas jornadas em expedições científicas, tendo como companhias, cientistas e estudiosos do calibre de Adolfo Lutz, Edgard Roquette Pinto, Jaguaribe de Matos, Júlio Caetano Horta Barbosa.

 

Cândido Mariano da Silva Rondon contribuiu com a botânica, zoologia, mineralogia, geologia, etnografia, geografia, antropologia, cartografia e em outras áreas do conhecimento.

 

Foi o segundo homem do mundo a ter seu nome num meridiano do globo terrestre, ganhou diversos títulos “Doutor Honoris Causa” de várias universidades internacionais e indicado pelo cientista Albert Einsten, dentre três indicasçoes, para o Prêmio Nobel da Paz.

 

Contaminado pelos últimos anos da luta pela absolvição da escravidão, partícipe da Proclamação da República, positivista convicto, estudioso de diversas ciências e militar exemplar fez de Rondon um dos maiores nomes de nossa historia nacional.

 

WILSON SANTOS é professor e ex-prefeito de Cuiabá.

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