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Cuiabá, 26 de Julho de 2025
26 de Julho de 2025

26 de Julho de 2025, 08h:00 - A | A

OPINIÃO / GUILHERME TONHÁ

O mercado do boi vive ajuste, não um colapso

Mesmo com instabilidade recente, fundamentos da pecuária seguem sólidos e apontam para um segundo semestre de recuperação

GUILHERME TONHÁ



As últimas semanas foram marcadas por forte instabilidade no mercado pecuário. A notícia do aumento de tarifas sobre produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos impactou diretamente o preço da arroba do boi gordo e trouxe apreensão ao setor. Mas é importante ter a clareza de que o que estamos vivendo é um ajuste, e não um colapso. O ciclo da pecuária está virando, com sinais concretos de retomada.

Depois de um período prolongado de abate de fêmeas, já há redução na oferta de bezerros, o que, naturalmente, refletirá na escassez de boi gordo adiante. A lógica da oferta e demanda permanece viva: menos oferta, preços mais altos.

Apesar do impacto inicial do tarifaço, a exportação brasileira segue firme. Julho registrou uma média de 12,3 mil toneladas exportadas por dia - um dos maiores volumes diários da história. E não estamos dependentes de um só mercado. México, China e países da América do Sul vêm ampliando suas compras, mostrando que o Brasil segue relevante e competitivo no cenário global.

A nossa carne ainda é uma das mais baratas do mundo. Enquanto os Estados Unidos trabalham com preços acima de US$ 100 por arroba, a brasileira gira em torno de US$ 55. Essa diferença reforça a competitividade da nossa proteína.

Internamente, enfrentamos desafios, como os juros altos e a dificuldade de acesso a crédito rural. Muitos produtores estão lidando com custeios caros e menos linhas de financiamento. Além disso, o clima teve efeito direto na oferta: as chuvas de junho empurraram o gado para julho, aumentando as escalas de abate e pressionando os preços. Mesmo assim, o segundo semestre historicamente traz exportações 20% maiores que o primeiro, o que pode contribuir para reequilibrar o mercado.

A mensagem é clara: cautela, gestão e confiança. O cenário é de retomada. A pecuária brasileira continua sendo uma das mais promissoras do mundo. Cabe a nós manter o foco dentro da porteira e seguir fazendo o que sabemos fazer: produzir com responsabilidade, sustentabilidade, qualidade e olhar para o longo prazo.

*Guilherme Tonhá é pecuarista e diretor comercial da Estância Bahia Leilões

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