GIBRAN LUIS LACHOWSKI
As novas diretrizes de ensino para os cursos de Jornalismo no Brasil estabelecem que a prática profissional do jornal impresso não deve mais determinar os padrões de planejamento técnico, levantamento de informações, edição e interatividade com o público.
O documento, que foi aprovado pelo Ministério da Educação em setembro, aponta, no geral, para uma formação contemporânea humanística, técnica, tecnológica, ética e estética com vistas a uma atuação crítica.
No entanto, ainda quanto ao jornalismo impresso, perder o lugar de referência não é algo ruim, pois nos tempos de hoje precisa-se estar atento para a projeção da internet e a popularização das novas tecnologias.
De outro lado, os cursos de Jornalismo não podem renegar a importância do histórico “jornalismo de papel”, que ainda na atualidade demonstra maior profundidade em termos de levantamento e interpretação de informações. "Divulgar informações é algo que atualmente inúmeras pessoas conseguem fazer por conta do acesso às novas tecnologias. Isso é possível com um smartphone que fotografa, filma e posta em redes sociais"
Diante dessa situação, o jornalista e professor Philip Meyer propõe que o jornalismo mescle a experiência do modo de fazer impresso com os novos modelos, como o jornalismo em base de dados e a produção multimídia.
Unir essas duas dimensões da profissão requer, entretanto, refletir sobre até que ponto importa o louco fluxo de informações na internet. E olhe que essa rapidez também influencia muito os demais meios de comunicação, como TVs, rádios, revistas e jornais.
O jornalista brasileiro Ricardo Noblat indica que o caminho para manter a relevância da profissão é preocupar-se mais em compreender o que significa a informação do que simplesmente divulgá-la. Ele desenvolve bem essa ideia, voltada ao periodismo impresso, no livro “A arte de fazer um jornal diário” (2008). Na obra, Noblat chega a propor um jornal de reportagens, com menos assuntos, pautas próprias e bem apuradas. Talvez esse seja o sonho secreto de muitos jornalistas hoje em dia, dos mais jovens aos “velhos de guerra”.
Afinal, simplesmente divulgar informações é algo que atualmente inúmeras pessoas conseguem fazer por conta do acesso às novas tecnologias. Isso é possível com um smartphone que fotografa, filma e posta em redes sociais, o que pode fortalecer a participação social.
Mas sabemos que captar imagens e postar curtas mensagens nos canais virtuais que crescem a cada dia não significa, na realidade, fazer jornalismo. Ser jornalista subentende tomar o jornalismo como profissão, ou seja, viver disto e tê-lo como referência de vida. Ainda bem que o Congresso Nacional começa a se atentar para a retomada da necessidade do diploma para o exercício do jornalismo, em razão de sistemática pressão de entidades da classe, como a Federação Nacional dos Jornalistas e, em Mato Grosso, com o sindicato da categoria.
Enfim, deve-se promover, nesse sentido, uma formação que mantenha e resgate da importância dos procedimentos e ideários do jornalismo impresso, de compromisso social, conjugada com as novidades da ambiência tecnológica, entre elas a capacidade de tornar as coberturas mais dinâmicas e ricas em detalhes.