JUNIOR MACAGNAM
O centro de Cuiabá está diante de uma encruzilhada. Depois de anos de abandono, projetos importantes começaram a devolver dignidade à área central da nossa capital. Entre eles, a reconstrução do Mercado Municipal Miguel Sutil e o sistema de estacionamento rotativo.
Essas iniciativas representam muito mais do que obras. São parte de uma visão moderna de cidade, onde mobilidade urbana, comércio e espaços públicos dialogam para criar um ambiente mais organizado, seguro e atrativo.
No entanto, a possibilidade de rompimento do contrato que viabiliza esses projetos acende um sinal de alerta. Não se trata aqui de defender empresas ou a gestão passada, mas de preservar conquistas. Interromper o processo agora pode significar desperdiçar investimentos, desmobilizar empregos, atrasar entregas e comprometer a recuperação do centro histórico.
Defende-se a ideia de que romper o contrato seria benéfico para os cofres públicos. Mas, segundo informações da imprensa local, a multa contratual por uma possível rescisão gira em torno de R$ 135 milhões, sem contar o custo indireto de paralisar obras, treinar novas equipes, redesenhar sistemas operacionais e o que já foi investido.
O novo Mercado Miguel Sutil tem tudo para se tornar um ícone da cultura cuiabana, um polo de gastronomia, turismo e geração de empregos. Um novo hub de negócios para Cuiabá e Mato Grosso.
Do ponto de vista da CDL Cuiabá, não se trata de ser contra ou a favor de um contrato. Trata-se de defender o interesse da cidade, do comércio e da população. Se há falhas, que sejam corrigidas. Se há pontos a melhorar, que se renegocie. Mas que não se jogue fora tudo o que já foi feito.
Existem caminhos mais equilibrados e inteligentes do que a ruptura: revisão de cláusulas, exigência de melhorias adicionais às que já estão em implementação, mais transparência na gestão e participação ativa da sociedade civil. Tudo isso é possível e desejável dentro do que já está em curso.
Não podemos correr o risco de repetir na esfera municipal o que estamos vivenciando em âmbito federal: a recusa de se sentar à mesa de negociações por questões ideológicas, sem a racionalidade que deve pautar a atuação institucional de governos e empresas.
O centro histórico de Cuiabá não pode mais ser refém de decisões apressadas ou disputas políticas. Precisamos consolidar avanços, valorizar o que funciona e corrigir rotas com responsabilidade.
Como presidente da CDL Cuiabá, reforço o compromisso do nosso setor com uma cidade mais moderna, eficiente e acolhedora, e dentro do nosso propósito queremos unir forças para transformar Cuiabá na melhor cidade para empreender e morar. O futuro do centro passa por decisões maduras no presente.
Sentar para dialogar, negociar e construir soluções: é esse tipo de postura que esperamos do poder público para que nossa Cuiabá possa assumir inteiramente o seu papel de capital e referência em nosso estado.
*Júnior Macagnam é empresário da moda há mais de 20 anos e atualmente preside a Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL Cuiabá).