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Cuiabá, 28 de Março de 2025
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24 de Setembro de 2014, 09h:13 - A | A

OPINIÃO /

Família Paes de Barros de luto

Toda história de vida, tem um marco inicial

LICIO ANTONIO MALHEIROS



Família, célula mater da sociedade, como tal, exerce um papel singular em nossas vidas, motivo pelo qual, vivemos em sociedade. Quando acontece o passamento nela de um ente querido, somos acometidos por uma forte sensação de perda; como aconteceu recentemente com a família Paes de Barros, que perdeu Laís Paes de Barros, uma senhora maravilhosa desprovida de sentimentos terrenos, a mesma, deixará um legado de amor, carinho e compreensão aos seus familiares, em especial ao senhor Justino Malheiros Neto (tininho), este, ficou ao seu lado da  mesma, até seus últimos dias, dedicando-lhe mais que amor e carinho, chegando ao ponto, de fazer até mesmo sua comida, tendo em vista, que a mesma não conseguia mais ingerir partículas sólidas, fazendo papinhas, resgatando assim,  aquilo que ela mais gostava de fazer, comer comida cuiabana.
 
Toda história de vida, tem um marco inicial, portanto vou me reportar aos idos dos anos oitenta, momento em que eu ainda muito jovem fui trabalhar como estagiário, na extinta  Fundação de Pesquisas Cândido Rondon,  tendo como Presidente, José Antonio da Silva, um  grande economistas, mais do que isso um grande ideologista, juntamente com meu grande amigo, Enio Alves dos Santos, outro economista de grande quilate, com quem tive o prazer de trabalhar e, ter aprendido com ele muita coisa boa.
 
A referência e conhecimento que tive da senhora Laís Paes de Barros está ligado, diretamente a um fato, um tanto pitoresco; quando eu era estagiário, tive o prazer de conhecê-la de forma inesperada.
 
 Eu estava no prédio aonde  funcionava, a Fundação de pesquisa Candido Rondon, situada no centro, no cruzamento da Rua Barão de Melaço com a Rua Candido Mariano, um prédio antigo na esquina, eis que surge, a dona Laís, uma pessoa tão humilde, fui até ela e,  perguntei à senhora gostaria de falar com alguém, ela deu um doce sorriso e respondeu, vim receber o aluguel, achei que ela fosse apenas uma representante de alguém, ou cobradora, dirigi-me até meu chefe   José Antonio da Silva e, falei , tem uma senhora esperando para receber o aluguel, não me contive, perguntei-lhe, quem é essa senhora, ele respondeu,  é a dona do prédio Laís Paes de Barros.
 
Voltando agora para um momento,  mas recente, no dia do seu falecimento, estávamos  no batizado de um sobrinho, eis que meu irmão Marcelo Malheiros, recebe uma ligação dizendo que a  dona Laís havia acabado de falecer, ficamos tristes, com o seu passamento.
 
Nesse exato momento, estávamos sentados à mesa para jantar, a minha cunhada Letícia Yonezawa Malheiros, teceu um comentário que me comoveu bastante, ela disse com a voz embasbacada "o tininho se referindo ao Justino Neto, passou a morar com a dona Laís, nos últimos meses de vida, e passou literalmente a cozinhar para ela, pois a mesma não conseguia mais ingerir alimentos sólidos, o mesmo fazia papinha e, dava para ela se alimentar"
 
É nesse momento, que você vê o verdadeiro sentimento das pessoas; a dona Laís para ele é como se fosse uma segunda mãe, ele cultivava o maior amor e carinho por ela.
 
 Ele,  mesmo casado resolveu mudar para casa dela, com o intuito de ajuda-la e, passar ao seu lado, seus últimos momentos de vida, é nesse momento que você vê o verdadeiro caráter de um homem, de um ser humano,  que se despe de qualquer tipo de vaidade pessoal e, vai se doar através de um ato de amor e solidariedade incondicional, a uma pessoa moribunda; no mundo atual, isso é coisa rara de acontecer.
 
Mesmo sabendo que a vida um dia acaba, não estamos preparados para perder alguém.
 
Paradoxalmente, no momento em que perdemos algo, outras possibilidades nos surgem. Ao perdermos o aconchego do útero, ganhamos os braços do mundo.
 
Professor Licio Antonio Malheiros é geógrafo ([email protected])

 

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