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Cuiabá, 01 de Julho de 2025
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28 de Outubro de 2014, 09h:34 - A | A

OPINIÃO /

Ética médica

A Medicina evoluiu, mas o médico vem perdendo, e muito, o seu relacionamento com o paciente.

GABRIEL NOVIS NEVES



Em qualquer relacionamento a ética é soberana. No entanto, na relação médico-paciente ela é vital e única. 

Os ginecologistas em sua prática diária enfrentam um dos grandes desafios da Medicina: cuidar da mulher durante o seu período pré e pós-reprodutivo. 

A Medicina evoluiu, mas o médico vem perdendo, e muito, o seu relacionamento com o paciente. 

Ele não tem mais a necessária disponibilidade de tempo a uma boa anamnese (nela incluída o "ouvir" queixas, e não somente anotá-las). 

O tempo de uma consulta ficou muito reduzido para a maioria dos médicos brasileiros que trabalham por produtividade, atendendo pacientes de planos de saúde e do SUS. 

Sem essa relação humana, cujo tempo da consulta é determinado pela necessidade do paciente, não há possibilidade de que se estabeleça uma boa relação médico-paciente, que é fundamental para um bom diagnóstico. 

É inadmissível o afastamento dos ginecologistas desse objetivo maior da sua profissão – a ética. 

A paciente para ter seus males aliviados pelo avanço da Medicina e da Tocoginecologia necessita que seus médicos não se afastem dos princípios hipocráticos. 

Repito, a relação médico-paciente constitui a base fundamental no tocante à saúde da mulher. 

Sabemos que o momento é delicado para a classe médica, que vive uma das piores crises de identidade na história do país, cuja causa principal é a baixa remuneração e valorização profissional. 

Interessante lembrar que em pesquisa recente de grande credibilidade científica, apenas 1% das pacientes escolhe o seu ginecologista pelo seu currículo acadêmico, transformado em "fama". 

Indicação de amigas, familiares e de outro médico constituem 62% da preferência. 

Já nos convênios, esse percentual sobe para 32%, mesmo quando indicados por amigas, familiares e médicos, a maioria dessas clientes pertence a um plano de saúde. 

As do SUS nem direito têm de escolher o seu médico. 

É apenas um número em uma imensa fila de espera. 

A maior exigência da paciente numa consulta é o comportamento ético do médico, hoje negado pela massificação do atendimento e sua desumanização. 

Frente a esses pequenos dados de uma pesquisa científica, podemos avaliar a qualidade dos nossos serviços médicos no que se refere à ginecologia. 

Existem as ilhas de excelência em atendimento médico no Brasil, mas infelizmente para poucos. 

Gabriel Novis Neves

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