facebook-icon-color.png instagram-icon-color.png twitter-icon-color.png youtube-icon-color.png tiktok-icon-color.png
Cuiabá, 13 de Fevereiro de 2025
13 de Fevereiro de 2025

28 de Março de 2018, 07h:55 - A | A

OPINIÃO / RENATO DE PAIVA PEREIRA

Escola sem partido

Ideologias políticas e crenças religiosas são muito parecidas, pois ambas desprezam razões objetivas e comprováveis



Escola sem partido é um movimento mais ou menos recente que pretende basicamente impedir os professores da rede pública de gastarem o tempo previsto para o ensinamento das disciplinas fundamentais na divulgação de opiniões político-partidárias pessoais.

As nossas escolas sabidamente são redutos de simpatizantes dos partidos mais à esquerda do universo político. Essa preferência seria irrelevante se os docentes não insistissem em usar as salas de aula para fazer proselitismo, alegando que a doutrinação ideológica faz parte do processo educacional e que aos professores cabe repassar para os alunos suas convicções políticas.

Ideologias políticas e crenças religiosas são muito parecidas, pois ambas desprezam razões objetivas e comprováveis em favor da fé que depositam em um sistema, um líder, um guia ou profeta. São também semelhantes quando incorporam o proselitismo próprio delas (crenças) e encampam a missão de difundir ideias, para conquistar novos seguidores, discípulos ou eleitores.

Mas os professores que se dizem laicos deveriam ser também apartidários no ambiente das escola, não tentando impingir ideologias, que são, no caso, crenças políticas. É lícito a cada um preferir este ou aquele partido político, seguir qualquer religião e falar sobre estes assuntos com outras pessoas. Só não pode fazê-lo durante o turno escolar. Os pais, de modo geral, mandam seus filhos para a escola para aprenderem saberes que vão ajuda-los no futuro, não para serem doutrinados em qualquer seita/partido, estimulados a apoiar tal ou qual movimento ou requisitados para passeatas.

Os Estados Unidos usam intensamente a rede escolar para doutrinar religiosamente os jovens, cientes de que nessa fase é muito mais fácil perpetuar opiniões e crenças. Lá a rede de ensino é orientada a divulgar o Criacionismo e em alguns estados é proibido falar sobre o Evolucionismo, nas salas de aula.

Esse método de ensinar aos jovens valores tradicionais, muitos deles desacreditados pela ciência, deu tão certo que 80% dos americanos acreditam que o homem foi criado como relata a passagem bíblica do Jardim do Éden ou que evoluiu guiado pela mão divina. Contrariamente ao resto do mundo onde a religiosidade decresce à medida da evolução social, nos Estados Unidos, graças à doutrinação escolar, a religião prospera.

É difícil combater as ideias quando são ensinadas nas escolas, pois há um tendência natural dos alunos acreditarem nos professores. Tanto que o movimento Escola sem Partido tem encontrado dificuldades para aprovar leis que combatam esse sectarismo de esquerda.

Mas os pais podem reclamar na direção das escolas onde ocorrem esses abusos, pedindo que os professores parem de matar aulas para discursar sobre suas ideologias/crenças.

As pessoas esperam que o professor não extrapole sua função de ensinar com eficiência a disciplina para a qual foi licenciado. Parece que educar os jovens está fora da obrigação de todos eles e além da capacidade de muitos.   

RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor

>>> Siga a gente no Twitter e fique bem informado

Comente esta notícia