Até quando, Senhor?
Depois dizem que as coisas não podem piorar. Sim, nos últimos episódios envolvendo o ex-presidente da Câmara de Cuiabá, João Emanuel, fatos inusitados têm ocorrido, um atrás do outro.
Primeiro, não bastasse a ativista Ivonete Jacob ter levado um cruzado na boca - sim, um murro na boca! -, ela ainda teve que suportar a empáfia do seu algoz em acusá-la de ter se mutilado com uma caneta no caminho do IML. Quanta imaginação ou maldade desse sujeito...
Depois, diante de fatos públicos e notórios de negociata depravada, gravada em vídeo (famoso batom na cueca), o Presidente da Comissão Processante, vereador Toninho de Souza (PSD), está sendo acusado de "infidelidade partidária" por indicar seu pré-convencimento pelo óbvio: pela cassação do mandato de seu colega e correligionário.
Ora, a fidelidade que estão exigindo do presidente da Comissão Processante somente se vê em quadrilhas organizadas ou nas máfias disfarçadas.
Por fim, para culminar no cúmulo do absurdo e da hipocrisia, o advogado Vilson Nery (MCCE) está levando bordoada e sendo metralhado, lamentavelmente, inclusive pela OAB/MT, por ter mais uma vez feito a opção pela verdade dos fatos e pelos interesses da população, que é vítima de tantos atos de corrupção, dando ciência para a Desembargadora Maria Aparecida Ribeiro de que ela foi induzida à erro para conceder uma liminar para sustar o processo de julgamento do caso envolvendo o vereador João Emanuel, pelo Plenário da Câmara de Cuiabá/MT.
Para ficar mais claro, é preciso dizer que o referido advogado e militante do MCCE/MT está sendo acusado indevidamente de ter violado prerrogativas do advogado Eduardo Mahon, por ter carreado à Desembargadora acima mencionada uma interceptação telefônica que revelaria a prática de litigância de má-fé, com o suposto escopo de enganar o Poder Judiciário Mato-grossense.
Em sua defesa, o advogado e coordenador do MCCE/MT, Vilson Nery, disse ao site "Mídia Jur" que: "a interceptação é pública e está no processo criminal. E lá há muito mais. Quem estava grampeado não é o advogado, é o cliente dele, que é alvo de uma investigação. Todo mundo sabe que todos que conversam com quem está sob investigação tem as conversas registradas pelo sistema Guardião [sistema utilizado pelo Ministério Público para proceder com as interceptações telefônicas]”.
Daqui um pouco, depois de tentarem criminalizar todos os que estão combatendo fortes indícios de violência, corrupção e fraude, vão dizer que a culpa é da população ou, quiçá, de alienígenas!? Particularmente, não duvido de mais nada nesse famigerado caso. Talvez até eu seja processado, por ter manifestado minha indignação e exercido meu direito fundamental de opinião e expressão. Espero apenas que não seja pela OAB/MT. "Quem te viu, quem te vê!"
É emblemático verificar esses acontecimentos sob o manto da simbologia desta semana.
Parece que as coisas continuam como no tempo de Jesus, ou seja, continua-se passando a mão na cabeça e desviando o foco de quem faz o mal, enquanto crucifixão quem ousa se levantar contra os poderes político, econômico e religioso vigentes, muitas vezes excludentes, opressores e castradores da condição humana de nós todos; da família humana, que anda um tanto desunida e calcificada pela ganância, ambição e vaidade.
A nossa consolação é crer num juízo final, onde os justos serão recompensados!
Entretanto, até chegar a hora, temos que promover o bom combate.
Pois, somos chamados para ser sal e luz do mundo; para não se conformar com as coisas deste mundo; para, mesmo tendo aflições, não perdermos o ânimo, uma vez que o jovem nazareno provou-nos que é possível vencer o mundo, ainda que custe a vida física, orgânica e material; contudo, para ressuscitar para sempre na vida memorial, espiritual e eternamente fraternal, nos corações e mentes de toda nossa gente, humilde e com fome de justiça e paz, humanitária e social.
PAULO LEMOS é advogado e ouvidor da Defensoria Pública de Mato Grosso