MARCIA MATOS
DA REDAÇÃO
Os pagamentos antecipados feitos pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB), na compra de trilhos e vagões do VLT, têm sido apontados pelo governador Pedro Taques (PDT), como o maior escândalo do estado, já que em maio de 2013 o governo teria antecipado 51% do valor do material rodante da obra e no mês de junho 84% já haviam sido pagos, sendo que apenas 16% desse montante estavam investidos nas obras.
"Nunca comprei um vagão, mas seu fosse comprar um fusca eu não pagaria 50% na encomenda de um carro, que vai ser fabricado na Europa, que eu não sei se vai chegar aqui".
Em reunião com os jornalistas na última semana, o chefe do Executivo Estadual, fez duras críticas ao ‘investimento’ do modal que seria para receber a Copa do Mundo, mas que ainda hoje, tem como retrato poucos quilômetros de trilhos instalados e vagões, que custaram cerca de R$ 500 milhões, amontoados em um pátio.
"Se isso não for o maior escândalo do estado eu estou buscando outro, porque eu gosto de escândalo”.
“Imagine a senhora vai numa loja de carros. O carro está sendo fabricado na Alemanha. Aí a senhora vai e encomenda esse carro e paga 50% no dia da encomenda, sem saber se esse carro vai ser fabricado, sem saber se na Alemanha vai ter greve, sem saber se vai chegar aqui. Eu nunca comprei um VLT na minha vida. Nunca comprei um vagão, mas seu fosse comprar um fusca eu não pagaria 50% na encomenda de um carro, que vai ser fabricado na Europa, que eu não sei se vai chegar aqui, sem ver o carro. E você vai comprar o carro antes de ter a estrada para você andar nesse carro? O carro vai ficar parado? Se isso não for o maior escândalo do estado eu estou buscando outro, porque eu gosto de escândalo”, disparou.
Mesmo sem fazer a afirmação em si, o governador sugeriu que houve grande desvio de recurso na gestão passada, na compra dos trilhos e vagões.
"Não tenho, como governador, obrigação constitucional de mostrar o batom na cueca . Isso cabe aqueles que vão investigar. Eu não sou procurador- geral da República".
“Agora, falando sobre corrupção. Desde criança minha mãe diz o seguinte: Pedro, se tiver um jabuti no pau, ou é enchente, ou é mão de gente. Eu estou entre adultos aqui. Vocês conhecem alguma obra pública no Brasil que por ventura não desviaram um real? E uma obra de R$ 1 bilhão e 477 milhões? Acha que nenhum real foi desviado daí? Agora eu se fosse procurador da republica eu estaria investigando isso”, declarou.
Ainda segundo Taques, o governo já teria realizado reuniões com o Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual e Tribunal de Contas, mas se absteve da obrigação de buscar que o caso seja investigado e penalizado, chamando a atenção do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
“Eu não tenho, como governador, obrigação constitucional de mostrar, com todo o respeito numa expressão bem chula, o batom na cueca . Isso cabe aqueles que vão investigar. Eu não sou procurador- geral da República”, frisou.
Os dados relatados por Taques são referentes ao relatório apresentado pela empresa contratada para fiscalizar a obra. Desde o primeiro relatório, em maio, a mesma já alertava para o atraso do cronograma, erros grosseiros e a necessidade de acelerar a obra.
A empresa fiscalizadora foi contratada pelo custo de R$ 47 milhões de reais em janeiro de 2013, sendo que as obras iniciaram em julho de 2012.
Os relatórios apresentados na audiência pública estão disponíveis no portal do governo do Estado, no link abaixo.