MARCIA MATOS
DA REDAÇÃO
A troca de acusações entre a Secretaria da Copa (Secopa) e a concessionária de abastecimento de água da Capital (CAB Cuiabá), apontam que o atraso da obra da trincheira do Santa Rosa está longe de ser resolvido.
Próximo ao local, na Avenida Miguel Sutil está o hotel que foi credenciado pela FIFA para hospedar autoridades e jogadores durante a Copa. Sem a construção pronta, restam como alternativa de acesso ao hotel apenas os desvios, o que torna o vexame internacional praticamente certo.
Nesta terça-feira (01), durante a vistoria da Comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa, na qual apenas dois deputados estaduais e um federal compareceram, o secretário adjunto da Secopa, Alysson Sander declarou que a continuidade da obra depende apenas da finalização dos trabalhos da CAB, que precisa corrigir a colocação de adutoras, que passam pelo local. Atualmente as tubulações de água estão acima do nível o que não permite a pavimentação da via.
“Ficam prontas as vias marginais se a CAB fizer esse serviço, senão há grande risco de nós não termos essa trincheira para a Copa”, frisou o secretário adjunto.
Alysson destaca que as alterações têm a possibilidade de serem executadas em até duas semanas pela CAB e ressalta o que ainda são vários os serviços a serem feitos pela concessionária.
“A CAB falta ainda fazer o fechamento de uma caixa que é do registro de uma das adutoras, falta envelopar as adutoras que ficaram acima da cota do pavimento, que impedem da gente avançar com a pavimentação e falta fazer um deslocamento de tubulações de água, que estão de forma superficial. Hoje tem tubo que está acima do nosso pavimento”, frisou.
CAB ALEGA FALTA DE PLANEJAMENTO
Já a CAB, que não enviou representante para explicar o que estava sendo feito e qual é a previsão de finalização dos serviços, encaminhou uma nota à imprensa alegando que já executou as interferências conforme o projeto aprovado pela Secopa e que ainda aguarda a resposta do órgão sobre as informações repassadas para que possam executar a estrutura pendente.
A nota também ressalta que o projeto de engenharia do local apresenta problemas que não são de responsabilidade da concessionária por falta de planejamento e detalhamento de projeto.
A CAB aponta que entre as falhas da obra estão a falta de planejamento de remoção das adutoras, a falta de espaço para a locação das estruturas de adução, limitação de implantação de tubulações, a falta de compatibilização dos projetos por parte dos gestores da obra, além da pontuação de que sendo contrato com a empreiteira emergencial não há permissão para alterações de escopo.
QUEM PAGA A CONTA?
Para o presidente da Comissão, deputado Sebastião Rezende (PR), a falta de execução dos serviços da CAB é que tem ‘emperrado’ a conclusão da trincheira, o que está prejudicando a população.
“O que não pode é a população ficar com essa indefinição. A Trincheira do Santa Rosa causando grande transtorno, com obras há dois anos em andamento, sendo que podia ter sido concluída há um ano porque foi uma das primeiras a iniciar”, ressaltou.
Também participaram da vistoria o deputado estadual Emanuel Pinheiro (PR) e o deputado federal Wellinton Fagundes (PR).
Confira a nota da CAB na íntegra:
A CAB Cuiabá já repassou todas as informações técnicas necessárias sobre a trincheira Santa Rosa à Secopa. A concessionária executou as interferências (remanejamento das adutoras de água bruta) que passam pela trincheira citada, conforme projeto aprovado e recebido pela contratante (Secopa). Agora aguarda resposta do órgão estadual para execução da estrutura que resta pendente, que é uma caixa de proteção sobre as ventosas instaladas nas adutoras entre as ruas D e Engenheiro Álvaro Pinto de Oliveira.
O projeto de engenharia do local apresenta problemas que não são de responsabilidade da concessionária por falta de planejamento e detalhamento de projeto, como relatado abaixo:
1) Nas obras de implantação das estruturas da trincheira Santa Rosa, não foi considerada a antecedência na remoção das adutoras no trecho de interferência, uma vez que a solicitação para as providências de remoção são posteriores ao efetivo início das obras, situação esta impactou o desvio em:
a. A geometria da trincheira limitou as alternativas de traçado para as configurações que buscavam a redução dos transientes hidráulicos;
b. Os limites das desapropriações não consideraram a necessidade do uso do espaço para a locação das estruturas de adução;
c. O modelo estrutural adotado para a contenção do solo fez uso de tirantes que limitassem a implantação ideal prevista em projeto para as tubulações.
2) Não houve compatibilização dos projetos por parte dos gestores da obra.
3) Houve alteração da cota do pavimento nas vias marginais, local utilizado para o desvio das adutoras.
4) O projeto de pavimentação não considerou a existência de interferências na definição da metodologia e tipo de pavimento a ser executado.
5) Há indefinição dos elementos de drenagem e suas interferências.
6) O contrato atual da empreiteira é emergencial e não permite alterações de escopo.
Decorrente da condição de prestadora de serviços públicos de água e esgoto, a CAB Cuiabá continua apoiando tecnicamente a Secopa e buscando uma solução técnica para mitigar a falta de compatibilidade de projetos.
Destacamos ainda que a via principal da trincheira (trecho rebaixado da Miguel Sutil) está liberada desde o dia 23 de novembro, sem qualquer interferência por parte da CAB Cuiabá.