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Cuiabá, 13 de Novembro de 2024
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26 de Novembro de 2019, 14h:28 - A | A

NACIONAL / OPERAÇÃO 'FOGO DO SAIRÉ'

Brigadistas são presos suspeitos de causar incêndio em Alter do Chão

Operação 'Fogo do Sairé' é resultado de dois meses de investigações. Polícia também cumpriu sete mandados de busca e apreensão

G1/AM



Quatro integrantes da Brigada de Incêndio de Alter do Chão foram presos, na manhã desta terça-feira (26), por suspeita de incêndio criminoso na Área de Proteção Ambiental (APA). A ação resultou de uma operação da Polícia Civil chamada "Fogo do Sairé", que visa desarticular o grupo que ateou fogo no local em setembro deste ano. A polícia também cumpriu sete mandados de busca e apreensão.

Segundo informações da polícia, foram presos preventivamente:

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  • Daniel Gutierrez Govino
  • João Victor Pereira Romano
  • Gustavo de Almeida Fernandes
  • Marcelo Aron Cwerver

 

Wiliandre Leal, advogado de defesa dos suspeitos, disse que só vai se manifestar depois que falar com os delegados. Em nota, a Brigada disse que está "em choque com a prisão de pessoas que não fazem senão dedicar parte de suas vidas à proteção da comunidade, porém certos de que qualquer que seja a denúncia, ela será esclarecida.

De acordo com a polícia, foram dois meses de investigação com a coleta de indícios que apontaram para o possível envolvimento de ONGs no incêndio, dentre elas a Brigada de Alter do Chão. Durante coletiva de imprensa, o delegado de Polícia Civil do Interior, José Humberto Melo Jr, disse que a polícia decidiu fazer interceptação telefônica dos suspeitos com autorização da Justiça e monitorou conversas telefônicas.

"Começamos a acompanhar toda a movimentação dos quatro suspeitos. Percebemos que a pessoa jurídica deles conseguiu um contrato com a WWF, venderam 40 imagens para a WWF para uso exclusivo por R$ 70 mil, e a WWF conseguiu doações como do ator Leonardo DiCaprio no valor de US$ 500 mil para auxiliar as ONGs no combate às queimadas na Amazônia”, disse Melo Jr.

O delegado também ressaltou que Brigada é um projeto que se autocontratava usando o CNPJ do Instituto Aquífero Alter do Chão e recebia doações pelo CNPJ do projeto Saúde e Alegria (PSA). E que as investigações apontaram que a intenção dos brigadistas com os focos de incêndio na APA Alter do Chão era captar dinheiro para o projeto.

Um dos mandados de busca e apreensão teve como alvo a sede da ONG Projeto Saúde e Alegria (PSA). Segundo Melo Jr, a polícia investiga a participação da ONG no recebimento de doações para a Brigada de Alter do Chão, após o incêndio na APA. A Brigada, de acordo com o delegado, teria recebido cerca de R$ 300 mil através do CNPJ do Saúde e Alegria e também da ONG Instituto Aquífero Alter do Chão.

O G1 entrou em contato com a assessoria da ONG Instituto Aquífero Alter do Chão mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve resposta.

Veja a nota na íntegra da Brigada de Alter do Chão

Desde 2018 a Brigada de Alter tem atuado no apoio ao combate a incêndios florestais. Em agosto de 2019 houve um segundo curso dado pelos Bombeiros Militares, Defesa Civil e Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Turismo de Belterra que culminou com a formação de mais nove brigadistas voluntários. Eles têm, desde então, se empenhado diariamente em proteger a Área de Proteção Ambiental de Alter do Chão, em paralelo às suas atividades profissionais e pessoais - sempre ao lado do Corpo de Bombeiros.

As chamas que atingiram a APA Alter do Chão começaram no dia 14 de setembro e afetaram grande área da mata nativa. Já no dia 15 de setembro, os brigadistas iniciaram o combate ao fogo, que naquele momento tinha três grandes focos. O Corpo de Bombeiros e o Exército Brasileiro também foram acionados.

O local onde as chamas foram avistadas era de difícil acesso. Na área não havia sinal de telefone celular, o que também prejudicou a comunicação e trabalho das equipes. A estratégia para chegar à localidade foi por via fluvial e terrestre, por estrada alternativa.

O combate ao incêndio ganhou o reforço de um helicóptero, na tarde do dia 16. A aeronave buscou água várias vezes no Rio Tapajós. Os focos de queimadas só cessaram no dia 17 de setembro.

Fiscais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) e uma pesquisadora do INPA percorreram uma grande extensão da área de Ponta Pedras que foi consumida pelo fogo, para fazer levantamento dos danos. Não foram encontrados animais mortos, porém, houve muitos registros de animais, principalmente macacos e cotias, atravessando a rodovia Everaldo Martins, principal via de acesso a Alter do Chão.

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