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Cuiabá, 05 de Maio de 2024
05 de Maio de 2024

28 de Setembro de 2016, 17h:12 - A | A

JUDICIÁRIO / A GRANDE QUADRILHA

Grupo de Silval lucrou R$ 3,5 milhões com superfaturamento de área, diz Nadaf

O ex-chefe da Casa Civil no governo Silval afirma que esquema visava arrecadar R$ 1,5 milhão de dívida de Silval.

CELLY SILVA
DA REPORTAGEM



O ex-secretário de Estado Pedro Nadaf afirmou que a compra de área para complementação do Parque Estadual Águas do Cuiabá rendeu para a organização criminosa instalada na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) o valor de R$ 3,5 milhões, que foi o superfaturamento referente aos R$ 7 milhões pagos ao médico Filinto Correa da Costa, pela desapropriação.

Desse montante, Silval Barbosa teria ficado com R$ 1,5 milhão, mas não chegou a ter contato com o dinheiro porque havia incumbido Pedro Nadaf de utilizá-lo para quitar uma dívida que tinha com certo grupo político, que não foi revelado pelo ex-secretário. “Era uma dívida particular política”, disse.

“O governador me solicitou que nós tínhamos que fazer um pagamento de um compromisso político. Não vou fazer menção de que compromisso que é, e nós precisávamos fazer uma complementação de R$ 1,5 milhão”, relatou à juíza Selma Rosane Santos Arruda, que conduz a ação penal referente à operação Seven.

Pedro Nadaf ainda apontou o ex-procurador geral do Estado, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, como o responsável por fazer toda a tramitação jurídica necessária à transação. Inclusive, teria sido ele o responsável por identificar os meios por onde o grupo faria a arrecadação do recurso exigido por Silval Barbosa para quitar suas dívidas. “Nós já tínhamos feito essa desapropriação do Liberdade e ele falou que tinha essa outra área”.

Após receber a informação repassada por Chico Lima de que a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) havia solicitado a ampliação do Parque Estadual Águas do Cuiabá e que, com isso, poderiam providenciar o dinheiro necessário para a organização criminosa, Nadaf afirma que transmitiu a notícia para Silval Barbosa que, segundo Nadaf “deu o sinal verde” para proceder à desapropriação da área.

Nadaf também confirmou a ocorrência da reunião relatada pelo ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), Afonso Dalberto, onde eles teriam se encontrado também com Silval Barbosa, no gabinete deste, e com Chico Lima. Nesta ocasião, Silval determinou que Afonso providenciasse a desapropriação da área do parque e que Nadaf e Chico Lima providenciassem o recurso necessário ao pagamento da área para o médico Filinto Correa da Costa, então proprietário do terreno, cunhado de Chico Lima e também membro do esquema.

O ex-secretário também revelou que não sabe dizer qual foi a participação de todos os réus da ação criminal e que muita gente foi usada para cometer atos que contribuíram com a fraude, sem saber das motivações espúrias do grupo. Nadaf apontou que as pessoas que tinham conhecimento do esquema eram ele, Silval, Chico Lima, Afonso Dalberto, além do ex-secretário de Estado de Planejamento, Arnaldo Alves de Souza Neto, e o ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi.

Apesar de afirmar que tais pessoas teriam participado do esquema, Pedro Nadaf disse que nem todos receberam valores referentes à desapropriação fraudada do parque estadual porque já teriam recebido valores na desapropriação do Jardim Liberdade, alvo da operação Sodoma 4, deflagrada nesta semana. Nadaf diz que dos R$ 3,5 milhões, R$ 1,5 milhão foi para pagar dívidas do ex-governador, R$ 500 mil teriam ido para Afonso Dalberto, ele próprio também recebeu esse mesmo valor. O outro R$ 1 milhão restante, ele alega não saber como foi dividido por Chico Lima.

Questionado pela juíza Selma Arruda sobre como ele sabia que Afonso Dalberto havia recebido R$ 500 mil do esquema, Nadaf disse que soube pelo próprio depoimento do ex-presidente do Intermat, contrariando, dessa forma, o depoimento prestado por Afonso de que o próprio Nadaf é quem teria lhe entregado o dinheiro. 

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