MARCIO CAMILO
DA REDAÇÃO
O juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto, da Vara de Execuções Penais de Cuiabá, autorizou que o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro viaje para passar o Natal com a família em sua fazenda São João, às margens da BR-163, na zona rural de Várzea Grande. Arcanjo poderá ficar no local de 23 de dezembro deste ano a 03 de janeiro de 2019.
Arcanjo, que mora atualmente no Bairro Boa Esperança, pediu a liberação devido aos festejos natalinos. O juiz autorizou a ida por entender que a execução penal também tem o caráter de criar condições de reintegrar socialmente o apenado.
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No entanto, o magistrado ponderou que Arcanjo deve permanecer com a tornozeleira eletrônica e se recolher em período noturno na fazenda, a partir das 20h.
“Contudo, durante o período solicitado, deverá o recuperando obedecer a todas as condições pelas quais foi advertido, referentes a seu regime de cumprimento de pena, principalmente o recolhimento noturno, entre 23/12/2018 e 03/01/2019, na 'Fazenda São João', e não em sua residência na Capital”, lembrou Fidelis.
Pelas decisão, Arcanjo deve retornar para Cuiabá no dia 4 de janeiro.
O ex-bicheiro deixou a cadeia para cumprir o regime semiaberto em fevereiro deste ano. Ela trabalha em um estacionamento da família na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA) e de noite é obrigado a se recolher em casa.
‘Al Capone de Mato Grosso’
João Arcanjo comandou o crime organizado no Estado entre os anos 90 e início dos anos 2000. Nesse período, ele instalou um poder paralelo em Mato Grosso, que envolvia crimes de assassinato, lavagem de dinheiro, contrabando e principalmente o jogo do bicho, que era promovido pelo Grupo Colibri.
Arcanjo recebeu a honraria de “comendador do Estado” – título oferecido pelo Governo às pessoas que se destacam por ajudar a engrandecer a sociedade, seja por trabalhos ou influências sociais, econômicas e políticas.
Sua derrocada começou em 2002, depois do assassinato do jornalista Sávio Brandão, dono do Jornal Folha do Estado (já extinto). Na época, Brandão foi o único a denunciar o jogo do bicho comandado por Arcanjo. Foi ele quem apelidou o então comendador de o “Al Capone de Mato Grosso”.
Arcanjo ficou cerca de 15 anos preso por diversas condenações até conseguir a progressão do regime fechado para o semiaberto, em fevereiro deste ano. O total das penas do ex-bicheiro chega a cerca de 90 anos de prisão.
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