KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO
A caixa de padaria Ana Luiza Pereira, de 39 anos, errou na hora de digitar a senha do cartão bancário, que acabou bloqueado. Segundo ela conta, isso faz uns 10 dias. Quando ela ia resolver o problema, no dia 6 de outubro, os bancários deflagraram greve geral, em todo o país e inclusive nas 200 agências de Mato Grosso, que estão fechadas.
“Eles querem passar aquela imagem das propagandas, do mundo irreal, não gostam que a gente fale dos altos juros que cobram e do lucro exorbitante que têm, até mesmo nesse período de crise”, critica o sindicalista.
Mais de uma semana após o fechamento das agências, não há qualquer sinalização de avanço nas negociações ou de reabertura dos serviços bancários.
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O caso de Ana Luíza é um exemplo dos serviços que não estão sendo prestados nesse período de greve, em que a clientela dos bancos pode utilizar caixas eletrônicos, lotéricas, Correios e a internet para pagar contas e fazer diversas transações. Só não conseguem atendimento presencial interno, embora os grevistas afirmem que estão mantendo “pessoal” no trabalho administrativo-financeiro, como o departamento de compensação de cheques.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Mato Grosso, José Guerra, que é do comando nacional de greve, explica que o fechamento das agências é importante para expor a marca dos bancos, que não gostam de ser desmoralizados. “Eles querem passar aquela imagem das propagandas, do mundo irreal, não gostam que a gente fale dos altos juros que cobram e do lucro exorbitante que têm, até mesmo nesse período de crise”, critica o sindicalista.
O cenário da greve é igual em todo o país, com praticamente 100% de adesão, de acordo com Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Os bancários pedem reajuste de 16%, incluindo reposição da inflação, mais 5,7% de aumento real, entre outras pautas, como o fim do assédio moral e das metas abusivas.
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) se reuniu somente uma vez para negociar com a categoria, no início do movimento, oferecendo 5,5% de reajuste, mais uma parcela única e linear de R$ 2,5 mil.
Os bancários pedem reajuste de 16%, incluindo reposição da inflação, mais 5,7% de aumento real, entre outras pautas, como o fim do assédio moral e das metas abusivas.
Guerra diz que o comando nacional está chamando a Fenaban para outra mesa de negociação, mas ainda sem resposta.
A última greve, na campanha salarial de 2014, durou apenas uma semana. “Mas tem que ver que era período eleitoral e a Fenaban quis resolver logo a questão. Já este ano, parece que não quer”, avisa Guerra.