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Cuiabá, 15 de Setembro de 2025
15 de Setembro de 2025

01 de Setembro de 2016, 13h:50 - A | A

JUDICIÁRIO / SELMA ENQUADRA SILVAL

'O senhor fique quieto e meça as pessoas com régua que não seja a sua', diz juíza a ex-governador; ouça

Durante seu depoimento à magistrada, o ex-governador acusou demais outros réus de mentirosos e disse que seu nome virou “senha” para ficar livre.

CELLY SILVA
DA REDAÇÃO



A juíza Selma Rosane Santos Arruda, titular da Sétima Vara Criminal, reagiu de forma enérgica às declarações do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) que, ao pedir pela revogação da prisão preventiva que ele cumpre há quase um ano, disse que todos os réus que confessaram seus crimes e o apontaram como o chefe da suposta organização criminosa, com exceção de Pedro Nadaf, estão soltos, uma vez que bastaria dizer seu nome para conseguir a liberdade. A afirmação foi feita em audiência de instrução referente à operação Sodoma 2, ocorrida nesta quarta-feira (31). 

A magistrada entendeu a fala de Silval como uma ofensa ao trabalho do Juízo, que é o responsável pela expedição de prisão ou soltura de todos os réus, e advertiu o ex-governador. Mas ele continuou insistindo em suas alegações de que preso não poderia contribuir com a Justiça devido à dificuldade em ter acesso aos autos. 

“Primeiro, o senhor meça as pessoas com uma régua que não seja a sua, porque aqui eu não faço esse tipo de negociação", disparou a juíza Selma.

“Eu quero contribuir com a justiça. Eu quero essa oportunidade (...) Agora, preso eu não tenho como exercer a plena defesa, contribuir e ajudar. Eu quero que a senhora considere isso. Eu estou há um ano preso. A senhora está concluindo a instrução desse processo e eu queria que a senhora avaliasse. Qualquer um no meu lugar, qualquer uma dessas pessoas se a senhora perguntar, você confessa que você vai embora, confessa do jeito que quer e tem a possibilidade de ir para casa. Eu não vou fazer isso marcado com mentiras”, declarou.

Neste momento, Silval Barbosa foi interrompido pela juíza, que respondeu de forma firme. “Primeiro, o senhor meça as pessoas com uma régua que não seja a sua, porque aqui eu não faço esse tipo de negociação. O senhor está dizendo que o Juízo solta ou deixa de soltar alguém se acusar o senhor. Que interesse o senhor acha que eu tenho de lhe acusar?! Segundo, o senhor fica quieto agora! O senhor está sendo investigado! O senhor está sendo processado! O senhor não tem obrigação nenhuma de colaborar com ninguém! Se o senhor quiser colaborar, os seus advogados sabem muito bem como fazem para celebrar um acordo de delação premiada, para que o senhor seja beneficiado com isso, como uma estratégia de defesa. Agora, eu não vou admitir mais que o senhor acuse o Juízo de estar negociando com réu acusação contra o senhor para obter liberdade”, reagiu Selma Arruda.

"Segundo, o senhor fica quieto agora! O senhor está sendo investigado! O senhor está sendo processado! O senhor não tem obrigação nenhuma de colaborar com ninguém!", reagiu a magistrada.

Os advogados Ulisses Rabaneda e Valber Melo, que fazem a defesa do ex-governador, interviram para acalmar os ânimos, intercedendo à juíza para que compreendesse a situação emocional de Silval, que está preso há quase um ano e desesperado para poder provar sua inocência.  “Ele está preso há um ano. Este é o momento que ele tem para se defender. Por mais que ele venha aqui e tenha a formação em Direito, vossa excelência há de compreender que ele não está em um bom momento”, disse Valber Melo.

Ao final da audiência, à imprensa, Silval comentou o momento tenso entre ele e a juíza. “O que eu pedi a juíza é que tenha o entendimento que as pessoas que vieram aqui e confessaram, que assumiram que cometeram crimes dentro do governo e estão todos em liberdade. (...) Eles estão mentindo quando me envolvem nessa quadrilha que eles montaram para roubar”, disse.

"Por mais que ele venha aqui e tenha a formação em Direito, vossa excelência há de compreender que ele não está em um bom momento”, disse o advogado de Silval.

Silval aproveitou para defender seu filho Rodrigo Barbosa, também réu na ação, e enviar um “recado” para seus ex-secretários que fizeram acusações contra ele e contra seu filho, Rodrigo Barbosa, como César Zílio, Pedro Elias e Pedro Nadaf. O que eu queria dizer a essas pessoas é que tenham um pouquinho de decência, que não envolvam pessoas que não tem nada a ver com isso, como meu filho, por exemplo, que estão tentando de todas as maneiras, com mentiras, envolver. Eu estou preso, se tem alguma coisa a acrescentar e mentir, que continuem mentindo a meu respeito. É isso que eu peço!”.

A juíza Selma Arruda também explicou à imprensa porque agiu de forma rígida com o réu. “A conclusão natural é de que se quem prende ou quem solta é o Juízo, seja lá quem for que esteja à frente da Vara, uma afirmação dessa natureza ofende o Juízo. Então, é óbvio que eu não posso deixar que nenhuma ofensa à instituição que eu represento ou a quem preside a audiência seja formulada. Ele foi advertido uma vez, foi advertido duas vezes. Quando ele repetiu essa afirmação, eu fui obrigada a intervir para que ele não afirmasse mais isso”.

A magistrada também refutou as alegações de Silval de que bastou aos delatores fazer acusações contra ele para serem soltos, uma vez que a delação premiada além das confissões, precisam ser revestidas de provas documentais. “Não basta chegar falando o que quer aqui para se beneficiar, para sair de cadeia se o que você fala não tiver consonância”.

 

 

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Fulano 01/09/2016

Éssa juiza além de ser linda,ainda é linha dura com os corruptos,tem minha admiração.

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1 comentários