CELLY SILVA
DA REDAÇÃO
O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) pediu a interdição do Pronto Socorro de Várzea Grande após realizar vistoria no local, juntamente com o procurador do Ministério Público Estadual (MPE-MT), Rodrigo de Arruda, e detectar uma série de problemas, como falta de alvará, medicamentos vencidos, higiene e condições físicas precárias, falta de equipamentos e até mesmo pacientes com tuberculose internados sem o devido isolamento. O pedido de interdição foi encaminhado ao MPE, que tem a competência de fechar a unidade até que sejam feitas as melhorias necessárias para o bom funcionamento.
De acordo com o presidente do CRM-MT, Gabriel dos Anjos, "devido a isso ser muito ruim para a população, nós tivemos aprovado o indicativo de interdição ética". Com isso, o município tem 60 dias para regularizar a situação antes que o CRM impeça os médicos de trabalharem em situações de risco tanto eles, quanto para os pacientes. O Conselho espera que a situação seja logo solucionada, para que os pacientes da cidade vizinha não tenham que vir para a capital, sobrecarregando ainda mais os hospitais públicos de Cuiabá. "Falta interesse em tratar bem a saúde pública. A gente nota, não só Em Várzea Grande, mas em todo o estado, que existe uma acefalia em termos de gestão de saúde pública", critica.
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No relatório de fiscalização do CRM, foram enumerados 21 problemas no hospital. Entre eles, salas dos consultórios de Clínica Geral e de Ortopedia com “higiene precária e móveis em péssimo estado de conservação”
O teve acesso ao relatório de fiscalização do CRM, no qual foram enumerados 21 problemas no hospital. Entre eles, salas dos consultórios de Clínica Geral e de Ortopedia com “higiene precária e móveis em péssimo estado de conservação”, posto de enfermagem em “precárias condições de instalação e organização”, medicamento com validade vencida, pessoas aguardando vaga em UTI há mais de dois dias.
Assessoria CRM-MT

Medicamento com vencimento em outubro de 2015. A vistoria foi feita em novembro.
Assessoria CRM-MT

Até mesmo uma barata foi vista passeando pela parede na sala onde os pacientes são atendidos.
A sala de medicação também foi encontrada com “móveis em precário estado de conservação”. Na sala de Observação, pacientes e funcionários sofrem com iluminação, climatização e higiene precários. Alguns setores, como o de internação em Clínica Geral e Pediatria e Obstetrícia não possuíam sequer materiais e equipamentos para atendimento emergencial, no momento da vistoria.
As duas enfermarias: cirúrgica e ortopédica, não dispunham de instalações adequadas. O Centro Cirúrgico estava em “condições inadequadas, sem segurança e sem local para guardar objetos dos usuários” e também não possuía sala de recuperação anestésica. As grávidas do hospital não podem contar com carrinho de anestesiar e são atendidas em sala com infiltrações na parede e acúmulo de lodo. Duas salas cirúrgicas estavam desativadas por falta de equipamentos.
Alguns setores, como o de internação em Clínica Geral e Pediatria e Obstetrícia não possuíam sequer materiais e equipamentos para atendimento emergencial
Para
Se os gestores não regularizarem a situação, nós podemos impedir que um médico trabalhe num sistema caótico como esse"
De acordo com a presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), Eliana Siqueira, o órgão já vem denunciando o estado de calamidade no Pronto Socorro há muito tempo e diz que "corrobora tudo que foi dito pelo CRM". Segundo a médica, frequentemente, faltam médicos, há poucos enfermeiros para atender a demanda e houve casos de pacientes que tiveram que comprar medicamentos que deveriam ser oferecidos pelo hospital. Já houve casos até mesmo de faltar remédio para conter infartos na unidade.
Na tarde desta quarta-feira (09), a Secretaria de Saúde de Várzea Grande irá esclarecer os pontos sobre a denúncia do CRM.