MARCIO CAMILO
DA REDAÇÃO
Uma denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) aponta que o cabo da Polícia Militar Gerson Corrêa, réu confesso no processo que investiga um esquema de grampos em Mato Grosso, violou medidas cautelares impostas pela Justiça ao ir à casa de rock Malcon Pub, localizada na da Avenida Miguel Sutil, no bairro Santa Rosa, em Cuiabá, em agosto passado.
A informação consta em uma decisão da Justiça Militar, publicada nesta segunda-feira (17), no Diário Oficial da Justiça, que determina que a defesa do cabo seja intimada para prestar esclarecimentos sobre o caso.
>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão
No documento, o juiz Murilo Moura Mesquita, da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, afirma que a violação das regras foi confirmada por um oficial de justiça que esteve na casa noturna.
Baseado nas informações, o magistrado declarou que o servidor produziu um relatório em que confirma - por meio de registro de entrada de clientes e imagens de circuito interno - que Gerson esteve no Malcon entre os dias 29 a 31 de agosto.
Gerson Corrêa, que foi solto no dia 14 de março deste ano, após passar nove meses presos, teve prisão revertida por medidas cautelares como uso de tornozeleira eletrônica, além do recolhimento domiciliar entre 20h e 6h durante a semana e de forma integral aos finais de semana e feriados, e não poderia estar na boate.
"Intime-se a defesa do réu Gerson Luiz Ferreira Corrêa Junior para, no prazo de dois dias, manifestar sobre as violações indicadas nos relatórios defls. 04/09, bem como sobre o auto de constatação e documentos de fls. 12/16", ressaltou o juiz.
A defesa do cabo é patrocinada pelos advogados Neyman Augusto Monteiro e Thiago de Abreu Ferreira.
Boate Crystal
Esta não foi a primeira vez que o militar descumpre regras impostas pela Justiça. Quando estava preso, uma denúncia apontou que Gerson teria saído da prisão para “tomar uma cerveja” na Boate Crystal, em Cuiabá, o que motivou uma inspeção em todos os locais onde os PMs ficam detidos.
À época, a determinação foi do desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Orlando Perri (veja aqui).
"Peça chave"
Gerson é investigado após confessar que operou escutas ilegais em Mato Grosso. Por esse motivo, o militar é considerado peça chave do esquema que grampeou advogados, jornalistas e autoridades políticas, na modalidade conhecida como “barriga de aluguel”.
Em seu depoimento, Gerson também acusou o governador Pedro Taques (PSDB) e o ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques de serem os “donos das escutas ilegais”. Eles negam a acusação.
Leia mais
Depoimento de cabo que acusa Taques como 'dono dos grampos' é enviado para o STJ